A leitora Elsa Fonseca fotografou esta cobra que encontrou a 13 de Abril na Guarda, e pediu ajuda na identificação da espécie. O investigador Luís Ceríaco responde.
“Encontrei esta cobra (tenho pavor destes animais) no meu quintal e fiquei muito assustada. Vivo perto da cidade da Guarda e gostaria de saber a espécie desta cobra”, escreveu a leitora à Wilder.
“A minha filha pequena costuma brincar perto deste sítio e adora mexer em terra, ervas… Mas desde que vi esta cobra por ali que não estou nada descansada. É que nunca vi uma cobra precida a esta.”
A espécie que observou é uma cobra-de-água-de-colar-mediterrânica (Natrix astreptophora).
Espécie identificada por: Luís Ceríaco, especialista em répteis e investigador do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.
A cobra que encontrou é um adulto, explicou Luís Ceríaco. E é inofensiva.
Em muitas regiões da Europa, a cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix) é a espécie de cobra mais comum. Mas a taxonomia das cobras-de-água ainda está relativamente pouco estudada.
Há alguns anos, foi feita uma descoberta entusiasmante. “Até há pouco tempo, esta era considerada uma subespécie da cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix), mas estudos recentes demonstraram que a população ibérica é diferente e tem estatuto de espécie”, explicou Luís Ceríaco. Foi, então, reconhecida como cobra-de-água-de-colar-mediterrânica (Natrix astreptophora).
Num artigo científico publicado em 2016, uma equipa de investigadores recomendou que esta cobra fosse reconhecida como uma espécie diferente. “A Natrix astreptophora difere, consistentemente, de todas as outras cobras-de-água pela coloração avermelhada da íris, por ter menos escamas ventrais e por ter outra morfologia do crânio”, escreveram os autores do artigo.
A cobra-de-água-de-colar-mediterrânica (Natrix astreptophora) é uma boa nadadora.
Pode ultrapassar os 150 centímetros de comprimento total, sendo as fêmeas habitualmente maiores que os machos, segundo o Museu Virtual da Biodiversidade da Universidade de Évora.
“A coloração dorsal é variável, variando entre o verde-oliváceo, o acinzentado, o acastanhado ou mesmo o pardo; exibe um padrão de pequenas manchas negras irregulares, espalhadas ao longo do corpo.”
Os juvenis “exibem duas manchas no pescoço que formam um colar amarelado e orlado de negro, sendo esta a característica responsável pelo seu nome vulgar. Esse colar desaparece à medida que o indivíduo cresce”.
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