O leitor José Seixas fotografou esta barata a 7 de Abril em Viana do Castelo e quis saber qual a espécie a que pertence. José Manuel Grosso-Silva responde.
“No dia 07-04-2023 em Viana do Castelo, por casualidade, reparei numa ‘barata’ branca ao lado de uma castanha. A castanha estava morta, ou melhor ‘oca’ como se tivesse sido uma muda. Terá sido efetivamente uma muda? Que espécie é? É a primeira vez que vejo uma ‘barata’ branca, se é que é um ‘barata’”, escreveu o leitor à Wilder.
Trata-se de uma barata-oriental, também conhecida como barata-nua (Blatta orientalis).
Espécie identificada e texto por: José Manuel Grosso-Silva, responsável pelas colecções entomológicas do Museu de História Natural e da Ciência (Universidade do Porto).
Esta é uma excelente foto para mostrar o que acontece nos insetos com metamorfose do tipo “incompleto”.
O exemplar esbranquiçado é realmente uma barata, mais exatamente um macho da espécie Blatta orientalis, que acabou de mudar de exoesqueleto e ao seu lado está a muda, ou seja, o exosqueleto do último estado ninfal (os juvenis nos grupos com este tipo de desenvolvimento chama-se “ninfas”).
Conseguimos até ver a fenda longitudinal por onde o adulto saiu!
A coloração muito clara é temporária: o inseto vai escurecer rapidamente, à medida que o seu novo exosqueleto secar e endurecer, adquirindo uma cor castanho-escura idêntica à da ninfa.
Uma curiosidade acerca desta espécie: trata-se de uma barata exótica, tropical mas de origem concreta desconhecida, cujo primeiro registo europeu ocorreu, segundo alguns autores, no ano 1500, na atual República Checa.
Agora é a sua vez.
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