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Que espécie é esta: aranhas-de-cruz bebés

06.03.2020

O leitor João Amado fotografou estas aranhas “bebés” a 4 de Março na zona de Santo André, e quis saber a que espécie pertencem. Sérgio Henriques responde.

 

“Hoje fotografei em Salgueiral da Galiza, junto à costa de St. André, estas aranhas acabadinhas de nascer, será que é possível identificar qual a espécie de aranha?”, escreveu à Wilder.

 


Tratam-se de aranhas-de-cruz (Araneus cf. diadematus), ou seja, a confirmar.

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

É raro conseguir identificar pequenas aranhas. Mas estas são tão famosas que acho que dá para ter uma boa idea do que são.

Estes parecem ser bebés de Araneus cf. diadematus.

Quando as crias nascem mantêm-se juntas neste tipo de creche ainda durante algum tempo. Se forem perturbadas (por mão humana, por exemplo) fogem em todas as direcções, normalmente abanando o corpo bem depressa, o que torna muito difíceis de as distinguir e de as separar individualmente, o que parece confundir a maioria dos predadores, como as aves. É uma boa defesa.

Se tudo correr bem, em breve estas pequenas aranhas vão-se separar. Vão subir a um pequeno ramo, tronco ou outro local mais ou menos exposto, onde possam detectam pequenas brisas e projectar seda de maneira a que esta seja apanhada pelo vento e funcione como um papagaio. Assim podem levantar voo, controlar onde aterrar (reduzindo seda) e dispersar para bem mais longe do lugar onde nasceram.

Mas há algumas aranhas que nem precisam de vento e conseguem surfar as correntes electicas da atmosfera terrestre. Este tipo de comportamento é o que faz as aranhas tão boas colonisadoras.

Quando a famosa erupção do vulcão de Krakatoa, a 26 de Agosto de 1883, eliminou toda a vida daquela ilha no estreito de Sunda, entre as ilhas de Sumatra e Java, nas Índias Orientais Holandesas, assim que as pedras arrefeceram e as pessoas poderam ver a ilha, a primeira criatura que encontraram foi uma aranha na sua teia.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

 

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Para o ano de 2020 criámos um calendário inspirado nas espécies de plantas, animais e cogumelos de Portugal, com 12 das melhores imagens que recebemos dos nossos leitores, através do Que Espécie É Esta. E com os dias mais especiais dedicados à Natureza, de Janeiro a Dezembro. 

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Desta forma está a apoiar o trabalho da Wilder, revista online independente dedicada ao jornalismo de natureza.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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