O leitor João Amado fotografou estas aranhas “bebés” a 4 de Março na zona de Santo André, e quis saber a que espécie pertencem. Sérgio Henriques responde.
“Hoje fotografei em Salgueiral da Galiza, junto à costa de St. André, estas aranhas acabadinhas de nascer, será que é possível identificar qual a espécie de aranha?”, escreveu à Wilder.
Tratam-se de aranhas-de-cruz (Araneus cf. diadematus), ou seja, a confirmar.
Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.
É raro conseguir identificar pequenas aranhas. Mas estas são tão famosas que acho que dá para ter uma boa idea do que são.
Estes parecem ser bebés de Araneus cf. diadematus.
Quando as crias nascem mantêm-se juntas neste tipo de creche ainda durante algum tempo. Se forem perturbadas (por mão humana, por exemplo) fogem em todas as direcções, normalmente abanando o corpo bem depressa, o que torna muito difíceis de as distinguir e de as separar individualmente, o que parece confundir a maioria dos predadores, como as aves. É uma boa defesa.
Se tudo correr bem, em breve estas pequenas aranhas vão-se separar. Vão subir a um pequeno ramo, tronco ou outro local mais ou menos exposto, onde possam detectam pequenas brisas e projectar seda de maneira a que esta seja apanhada pelo vento e funcione como um papagaio. Assim podem levantar voo, controlar onde aterrar (reduzindo seda) e dispersar para bem mais longe do lugar onde nasceram.
Mas há algumas aranhas que nem precisam de vento e conseguem surfar as correntes electicas da atmosfera terrestre. Este tipo de comportamento é o que faz as aranhas tão boas colonisadoras.
Quando a famosa erupção do vulcão de Krakatoa, a 26 de Agosto de 1883, eliminou toda a vida daquela ilha no estreito de Sunda, entre as ilhas de Sumatra e Java, nas Índias Orientais Holandesas, assim que as pedras arrefeceram e as pessoas poderam ver a ilha, a primeira criatura que encontraram foi uma aranha na sua teia.
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