O leitor Hugo Soutinho ficou curioso sobre uma aranha pequenina e pediu ajuda para saber a espécie. Sérgio Henriques responde.
“Fiquei curioso em saber qual a espécie desta aranha que encontrei numa planta perto de Santo Tirso. É muito pequenina, medindo cerca de 2 ou 3 milímetros”, explica o leitor, sobre a aranha fotografada a 8 de Maio.
“A aranha viu-me e escondeu-se por baixo de uma folha. Não vi nenhuma teia”, acrescenta Hugo Soutinho, para quem “as aranhas são criaturas absolutamente fascinantes.”
A espécie nas fotos parece ser uma fêmea de Icius cf. hamatus, a confirmar, conhecida pelo nome comum de papa-moscas.
Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.
A Icius hamatus é uma espécie de aranha saltadora (familia Salticidae) que – como o leitor indica – não constrói teias. Ainda assim, estas aranhas usam seda para construir os seus ninhos (e protegerem os ovos) ou para construir um abrigo, que normalmente fazem debaixo de folhas, casca de árvores ou pedras.
Em vez de caçarem com teia, as aranha saltadoras têm uma excelente memória especial e detectam as suas presas com a sua excelente visão.
Um comportamento característico, que explica o seu nome comum “papa-moscas”, é quando esta aranha fica subitamente imóvel ao avistar uma mosca numa mesa, por exemplo. Move-se então muito lentamente para o lado inferior do tampo, onde a mosca não a pode ver.
Como a aranha se lembra exactamente do local onde a mosca estava da última vez que a observou, consegue rapidamente colocar-se debaixo desse sítio, posicionar-se então no lado de cima da mesa e saltar de surpresa para junto da presa. Desta forma, consegue muito vezes capturar a mosca, se esta não tiver fugido entretanto. O salto que dá é tão rápido que é difícil de ver com o olho humano.
Estas aranhas são também espécies inofensivas para o ser humano, mas que se alimentam de espécies que contaminam a nossa comida e que por vezes nos transmitem doenças.
[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.
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