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bolor limoso
Foto: Manuel Machado

Que espécie é esta: Mucilago crustacea

04.03.2019

O leitor Manuel Machado fotografou uma intrigante “coisa” no dia 25 de Dezembro, no Casal da Charneca, em Évora de Alcobaça (concelho de Alcobaça), e pediu ajuda para identificar. Susana C. Gonçalves responde. 

 

“Encontrei e fotografei junto ao solo, entre a erva, esta intrigante “coisa” que desconheço. Embora muito diferente, faz-me lembrar um “ninho” de louva-a-deus”, descreve Manuel Machado.

 

bolor limoso

 

Trata-se de um ‘slime mold’ (bolor limoso em português), provavelmente da espécie Mucilago crustacea, que em inglês é conhecida pelo nome comum ‘Dog Sick Fungus’ ou ‘Dog Sick Slime Mold’, devido à parecença com vómito de cão.

Espécie identificada e texto por: Susana C. Gonçalves, investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.

Apesar de tradicionalmente estudados pelos micólogos, os bolores limosos ou fungos mucilaginosos, como também são conhecidos, não pertencem ao Reino Fungi. Na realidade, a única característica que partilham com os fungos é a produção de esporos. O termo aplica-se a vários organismos distintos em termos evolutivos, mas agrupados no Reino Protozoa. Dentro deste, Mucilago crustacea pertence à classe Myxomycetes.

O achado do leitor Manuel Machado é essencialmente uma célula gigante: um grande saco de citoplasma com muitos núcleos (diplóides) – o plasmódio – que se alimenta de bactérias e outras partículas orgânicas por fagocitose.

Tipicamente, sob certas condições, por exemplo depleção de nutrientes, o plasmódio converte-se totalmente em órgão reprodutor (o esporângio que vemos na fotografia) e liberta muitos esporos (haplóides), que são dispersados pelo vento e germinam como células flageladas. Estas fundem-se em pares, resultando nas células que vão novamente transformar-se em plasmódio.

Os plasmódios têm sido muito usados no estudo do movimento das correntes citoplasmáticas (o movimento dos conteúdos celulares) porque sendo células gigantes, é possível visualizar os movimento sob ampliações relativamente baixas. Para além disso, são relativamente fáceis de manipular.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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