As aves que podemos ouvir no Outono

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Coruja-do-mato, papa-moscas-preto e pisco-de-peito-ruivo são algumas das aves cujos cantos simbolizam o Outono. Magnus Robb, ornitólogo britânico especializado na gravação do canto de aves, sugere quais os sons que pode ouvir nesta estação do ano em Portugal.

Coruja-do-mato (Strix aluco):

Coruja-do-mato. Foto: Martin Mecnarowski/WikiCommons

Esta coruja costuma ser mais vocal nesta altura do que no resto do ano. É que agora os jovens do ano estão a tentar conquistar um território próprio e isso dá muita confusão na rede de proprietários do bosque. A maior parte dos sons que se ouve são agressivos.

Papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca):

Papa-moscas-preto. Foto: Achim Christoph/WikiCommons

Sem dúvida, este é o chamamento mais típico de Setembro em Portugal. Quase toda a população mundial desta espécie passa pelo lado Oeste da Península Ibérica entre o fim de Julho e Outubro, vinda de sítios tão afastados como a Finlândia e até a Sibéria. Durante a última época glaciar, o refúgio da espécie era aqui e depois quando se tornou possível reconquistar outras terras, voltaram para Portugal todos os anos, tal como os portugueses da diaspora humana!

Maçarico-das-rochas (Actitis hypoleucos):

Maçarico-das-rochas. Foto: Zeynel Cebeci/WikiCommons

Durante a noite, podemos ouvir o pio agudo do maçarico-das-rochas em migração em qualquer sítio do país. Podem passar entre 1 a 40 destas aves durante a noite. Mas entre Julho e Outubro são poucas as noites, mesmo com mau tempo, em que não passa nenhuma.

Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula):

um pisco de peito ruivo
Pisco-de-peito-ruivo. Foto: Christiane/Pixabay

Um dos cantos mais comuns do Outono é o do pisco-de-peito-ruivo. Esta espécie defende território durante todo o ano. É interessante que durante o Outono tanto os machos com as fêmeas cantam, porque nesta altura um território é individual. Cantam também em muitos sítios onde não há nidificação. Uma grande parte dos indivíduos são do Norte da Europa e estão aqui apenas para passar o Inverno.

Outros cantos que se ouve muito durante o Outono são a carriça e o rabirruivo.

Em Outubro, principalmente na parte final e no início de Novembro, ouve-se muitos fringillídeos (família Fringillidae) em voo migratório. São, por exemplo, tentilhões e pintassilgos, pintarroxos-comuns e lugres. Principalmente de madrugada podem passar centenas de aves.

Nesta época do ano também se ouvem petinhas-dos-prados e lavercas em todo o lado.


A secção “Seja um Naturalista” é patrocinada pelo Festival Birdwatching Sagres. Saiba mais aqui o que pode ver e fazer neste evento dedicado às aves.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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