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Jan Valkenburg: “é crucial saber o que o lince está a sentir”

08.04.2016

Jan Valkenburg, 34 anos e natural da Holanda, é o coordenador dos tratadores no CNRLI. Trabalha no centro desde 2009.

 

Jan Valkenburg, com formação em Arte e Design, sempre gostou de animais. Está em Portugal há 33 anos mas tem viajado por vários países. Foi voluntário na floresta da Amazónia -onde trabalhou com primatas, em Inglaterra, num centro de recuperação de animais resgatados de circos e de experiências de laboratório, e na Nigéria, num projecto de resgate de primatas.

 

 

Na Holanda, trabalhou numa fábrica a fazer ketchup para ganhar dinheiro para viajar e concretizar uma missão. E conseguiu. Em 2008 viajou dez meses por África, visitou santuários selvagens, e aprendeu muito. Em 2009 voltou a Portugal. “Quando soube da instalação deste centro para o lince-ibérico decidi enviar o currículo. E entrei, logo desde o início”.

“Tinha ouvido falar pouco do lince-ibérico mas, depois da formação nos centros de Doñana e La Olivilla, o animal cativou-me logo. Gostei do desafio. Aqui todos os dias há surpresas.”

Jan é coordenador dos tratadores no CNRLI desde Fevereiro de 2010. “Este é um trabalho muito variável. É preciso tratar dos animais e ainda coordenar tarefas, tratar das encomendas de alimentos para os linces, adaptar os horários às épocas.”

Especialmente desafiantes são os casos das capturas e fugas de animais. “A reacção que temos vem com a experiência. O que é importante neste trabalho é conseguir interpretar o que o animal está a sentir. Nas capturas, temos de antecipar o que ele vai fazer nos próximos segundos. O tratador tem de conseguir antecipar.”

“Do que mais gosto é das capturas, por exemplo, quando temos de fazer passagens de animais de cercado para cercado ou quando é preciso levar algum lince para fazer análises ou algum procedimento veterinário. Gosto quando há riscos ou há algo a acontecer.”

 

[divider type=”thick”]Série “Como nasce um lince-ibérico”

Uma equipa da Wilder esteve dois dias no CNRLI em Março do ano passado e assistiu ao último parto da temporada, ao lado de veterinários, tratadores, video-vigilantes e voluntários. Nesta série contamos-lhe como é o trabalho naquele centro e apresentamos-lhe as pessoas por detrás da reprodução em cativeiro desta espécie.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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