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Peixe-leão está a invadir o Mar Mediterrâneo

28.06.2016

O aumento das temperaturas no Mediterrâneo está a abrir a porta às espécies invasoras. O peixe-leão é uma delas, confirmam agora dois investigadores.

 

No espaço de um ano, estes predadores venenosos colonizaram quase toda a costa sudeste de Chipre, segundo dados obtidos com a ajuda de mergulhadores e pescadores. Mas isto pode ser apenas o início de uma invasão pan-Atlântica, graças ao alargamento e aprofundamento do Canal do Suez, alertam os investigadores.

O relatório é publicado na revista Marine Biodiversity Records por Demetris Kletou, do Laboratório de Investigação Ambiental em Limassol, Chipre, e por Jason Hall Spencer, da Universidade de Plymouth.

“Até agora tinham sido registados poucos avistamentos do peixe-leão Pterois miles no Mediterrâneo. Aliás, era questionável se a espécie poderia invadir a região como fez no Atlântico Oeste”, disse Kletou em comunicado. “Mas descobrimos que a abundância de peixes-leão aumentou recentemente. No espaço de um ano colonizaram quase toda a costa sudeste de Chipre, ajudados pelo aumento das temperaturas do mar”, acrescentou.

Os peixes-leão são carnívoros generalistas e podem alimentar-se de uma grande variedade de peixes e de crustáceos; os indivíduos maiores podem alimentar-se exclusivamente de outros peixes. Por ano, cada indivíduo produz cerca de dois milhões de ovos que são dispersados pelas correntes, percorrendo grandes distâncias antes de se fixarem.

O seu sucesso na invasão de novos territórios explica-se pela combinação de factores como a precoce maturidade sexual e reprodução e os espinhos venenosos que detêm os predadores. Segundo os investigadores, esta espécie pode colonizar rapidamente recifes e reduzir a biodiversidade local.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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