A leitora Maria João Abreu da Silva fotografou estas plantas em Galveias, Ponte de Sor, a 15 de Março e quis saber a que espécie pertencem. Carine Azevedo responde.
“Chamo-me Maria João Abreu da Silva e gostaria de saber que planta é esta que encontrei ontem, 15 de Março, em pleno campo, em Galveias, Ponte de Sor”, escreveu a leitora à Wilder.
Tratam-se de pútegas (Cytinus hypocistis).
Espécie identificada e texto por: Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.
Trata-se de pútegas (Cytinus hypocistis (L.) L.), uma espécie pertencente à família Cytinaceae, também conhecida como coalhadas, pútegas-de-escamas-largas ou pútegas-amareladas.
É uma planta vivaz, que não produz clorofila, sendo totalmente parasita e dependente das plantas hospedeiras para obter nutrientes.
Nativa da região mediterrânica e da Macaronésia, esta planta ocorre amplamente em todo o território nacional continental. Encontra-se em zonas de matos xerofílicos, pinhais e bosques abertos, geralmente em locais secos e ensolarados, onde coexistem espécies da família Cistaceae (como Cistus ladanifer, Cistus salviifolius e Halimium halimifolium), as hospedeiras desta planta.
Os caules floríferos das pútegas desenvolvem-se diretamente sobre as raízes das plantas hospedeiras. As folhas apresentam-se em forma de escamas, com cores vibrantes que variam entre amarelo, laranja e vermelho, uma característica que as torna facilmente identificáveis durante a primavera. É nesta estação que se tornam mais visíveis, emergindo da manta morta e folhas secas que frequentemente as escondem no resto do ano.
Além do seu aspeto peculiar, a pútega desempenha um papel ecológico específico no equilíbrio das comunidades vegetais, limitando o crescimento das hospedeiras e interagindo com polinizadores através das suas flores hermafroditas. Apesar de muitas vezes passar despercebida, a sua presença é um testemunho da diversidade e complexidade dos ecossistemas mediterrânicos.
Agora é a sua vez.
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