A leitora Michelle Cordeiro fotografou esta planta a 17 de Abril em Agrigento, Sicília, Itália. Carine Azevedo responde.
“Sou uma leitora assídua do vosso site e aprecio muito a rubrica “Que espécie é esta?”. Peço a vossa ajuda para identificar esta planta que encontrei no campo junto ao vale dos templos em Agrigento na Sicília em Abril de 2025. Pareceu-me uma espécie de agave em processo de floração. O caule impressionou-me pela sua altura, cerca de 5-6 metros e pelo seu diâmetro”, escreveu a leitora à Wilder.
Tratar-se-á de uma piteira (Agave americana).
Espécie identificada e texto por: Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.
A imagem partilhada mostra, à distância, o que me atrevo a identificar como uma piteira — muito provavelmente Agave americana L., também conhecida por piteira-brava, pita ou, simplesmente, agave.
Originária da América Central, esta planta pertence à família Asparagaceae e foi introduzida em Portugal continental e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, sobretudo pelo seu valor ornamental. Não é raro encontrá-la em jardins, bermas de estradas ou terrenos incultos — onde cresce livremente e com grande imponência.
Apesar da sua popularidade, a piteira está classificada como espécie invasora em Portugal continental. A sua elevada capacidade reprodutiva — tanto vegetativa, através de rizomas subterrâneos que originam novas rosetas, como sexual, pelas sementes altamente germinativas — torna-a uma ameaça à flora nativa. As suas folhas largas e densas provocam ensombramento no subcoberto, dificultando o desenvolvimento de outras espécies vegetais.
Pode descobrir mais informações sobre a agave americana aqui, no site invasora.pt.
A piteira é uma planta perene e rizomatosa, que pode atingir cerca de dois metros de altura e dois a três metros de diâmetro. Possui um caule muito curto e grosso, que forma uma roseta basal com folhas carnudas, de tom verde-glauco, dispostas em espiral. Estas folhas, de forma lanceolada, podem atingir até dois metros de comprimento, apresentando margens espinhosas e um espinho terminal negro, bem visível.
A floração da piteira ocorre nos meses de maio e julho, geralmente entre os 20 e os 30 anos de idade. Quando isso acontece, desenvolve uma imponente haste floral, que pode atingir entre 4 e 10 metros de altura, como a que se vê na imagem. As flores — grandes, de cor amarelo-esverdeada — surgem agrupadas no topo dessa haste e dão origem a frutos em cápsula, com numerosas sementes negras no interior.
Após este ciclo reprodutivo, a planta morre, deixando descendência vegetativa ou seminal.
É também importante lembrar que a seiva da piteira é tóxica: pode provocar dermatites severas, com queimaduras, borbulhas e irritações na pele em contacto direto.
Agora é a sua vez.
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