O leitor António Damásio fotografou esta planta em Odemira a 21 de Fevereiro e pediu ajuda na identificação. Carine Azevedo responde.
“Ontem (21 de Fevereiro) de manhã fotografei estas bagas em S. Luis, freguesia do concelho de Odemira, que de início pensei que fossem mirtilos ou murtinhos. Mas verifiquei que as bagas são maiores e as folhas diferentes. Afinal que espécie é esta?”, perguntou o leitor à Wilder.
Tratar-se-á de uma hera-comum (Hedera helix L.).
Espécie identificada e texto por: Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.
As imagens estão turvas, o que dificulta uma análise detalhada. No entanto, é possível afirmar que a planta pertence ao género Hedera, da família Araliaceae, e é vulgarmente conhecida como hera.
A hera das imagens apresenta folhas variegadas (com bordas esbranquiçadas), e frutos escuros, características que sugerem que se poderá tratar de Hedera helix ‘Variegata‘ ou de uma cultivar semelhante.
A hera-comum (Hedera helix L.) é uma planta ornamental muito valorizada pela sua resistência e versatilidade. Adapta-se bem a locais sombreados e é amplamente utilizada para cobertura de solo ou como planta trepadeira, graças às suas raízes adventícias, ao longo dos caules semi-lenhosos, que permitem a sua fixação em superfícies como muros, paredes e grades.
As folhas são simples, persistentes, verde-escuras e brilhantes, com textura coriácea. Em algumas variedades, como a observada nas imagens, apresentam variações de cor, podendo ser variegadas de branco, prata ou amarelo, o que lhes confere grande valor ornamental.
As flores são pequenas, hermafroditas e organizadas em inflorescências do tipo umbela. De coloração amarelo-esverdeada, surgem na primavera e no verão. Embora não possuam interesse ornamental, desempenham um papel ecológico importante ao atrair insetos polinizadores, como abelhas e borboletas.
O destaque nas imagens recai sobre os frutos, que são pequenos, globosos e negros quando maduros. Embora sejam tóxicos para os humanos, representam uma importante fonte de alimento para diversas aves frugívoras, especialmente no inverno. Entre as espécies que se alimentam dessas bagas estão o tordo-zornal (Turdus pilaris), o melro-preto (Turdus merula), o estorninho-comum (Sturnus vulgaris) e a toutinegra-de-barrete-preto (Sylvia atricapilla).
Para uma identificação mais precisa, seria necessário obter imagens mais nítidas e observar detalhes adicionais, como o formato das folhas na fase jovem e adulta.
Agora é a sua vez.
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