O leitor Ricardo Madeira encontrou este animal perto de Serpa, Baixo Alentejo, a 24 de Fevereiro e pediu para saber qual a espécie. Helena Gonçalves responde.
“Olá sou vosso leitor e chamo-me Ricardo Madeira. Fotografei (…) esta espécie num monte na ‘serra’ de Serpa. Podem, por favor, identificar?”, perguntou o leitor à Wilder.
Trata-se de uma cobra-cega (Blanus cinereus).
Espécie identificada por: Helena Gonçalves, curadora da coleção de Peixes, Anfíbios e Répteis do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.
Apesar do nome, esta espécie é mais aparantada com os lagartos do que com as cobras e não produz qualquer veneno. É totalmente inofensiva.
Na horta ou em qualquer sistema natural, as cobras-cegas alimentam-se sobretudo de pequenos insectos como formigas ou larvas de outros insectos.
Esta espécie vive no solo em túneis escavados por si. Os túneis escavados por animais fossoriais evitam a compactação dos solos e são uma forma natural de aerificação do solo, o que permite a chegada de mais ar (particularmente azoto e oxigénio) às raízes das plantas. De salientar que um indivíduo sozinho não tem um impacto significativo, mas em conjunto com todas as outras espécies que escavam galerias no solo (minhocas, ralos, formigas, etc.) o impacto é mais significativo.
Este é um bom exemplo da importância de manter a diversidade das comunidades naturais e que beneficiam as actividades humanas.
Agora é a sua vez.
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