Um grupo de investigadores norte-americanos decidiu fazer uma experiência com várias espécies de mamíferos carnívoros, para descobrirem se afinal o tamanho do cérebro está ou não relacionado com a inteligência.
No total, 140 animais de 39 espécies, alojados em vários zoos dos Estados Unidos, foram confrontados com um problema que tinham de resolver e que nunca tinham visto antes.
Cada um teve de descobrir sozinho o mecanismo para abrir uma caixa adequada ao seu tamanho, que tinha lá dentro os alimentos preferidos de cada espécie. O desafio era igual para todos.
Objectivo: “Perceber se medidas neuro-anatómicas ou sócio-ecológicas podem predizer o sucesso na resolução de um problema técnico entre espécies de mamíferos carnívoros”, descreve a equipa de cientistas, no artigo publicado pela revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America).
Sarah Benson-Amram, da Universidade do Wyoming, juntamente com cientistas das Universidade Estatal do Michigan e da Universidade do Minnesota, concluíram que “espécies com um cérebro grande relativamente ao tamanho do corpo tiveram mais sucesso na abertura das caixas”.
Num vídeo publicado ‘online’ pela PNAS, é possível comparar o comportamento de 19 dos animais que foram estudados.
[Por ordem, neste filme, surgem o panda-vermelho (Ailurus fulgens), binturong (Arctictis binturong), urso castanho (Ursus arctos), quati-de-nariz-branco (Nasua narica), lince-pardo (Lynx rufus), raposa-do-Ártico (Alopex lagopus), urso-polar (Ursus maritimus), urso negro (Ursus americanus), leopardo-das-neves (Panthera uncia), gato-de-pallas (Otocolobus manul), hiena-riscada (Hyaena hyaena), hiena-malhada (crocuta crocuta), texugo-americano (Taxidea taxus), leopardo (Panthera pardus), tigre-de-Amur (Panthera tigris), lontra-de-rio (Lontra canadensis), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), cão-selvagem-africano (Lycaon pictus) e glutão (Gulo gulo).]
Muitos cientistas acreditam actualmente que o tamanho relativo do cérebro é importante para a capacidade de resolver problemas, mas poucos estudos experimentais tinham sido realizados.
Além do mais, dentro da biologia evolutiva, outros investigadores acreditam na teoria do “cérebro social”. Ou seja, defendem que a inteligência não está relacionada com o tamanho do cérebro, mas sim com as capacidades adquiridas pelos animais para gerirem as relações sociais, prevê-las e manipulá-las.
Sarah Benson-Amram responde que, no estudo agora realizado, “as variáveis socio-ecológicas, incluindo medições de complexidade social e habilidade manual, falharam na previsão de sucesso para a abertura das caixas”. Por outro lado, acrescenta, os resultados fornecem provas importantes sobre a influência do tamanho do cérebro.
Todos os animais estudados tinham 30 minutos para abrir a caixa, relata o El Pais. Os ursos foram os que tiveram mais sucesso. Já os suricatas e os mangustos foram os que se saíram pior. Do total de animais, 35% conseguiram resolver o problema dentro do prazo e ganhar a comida.