As reservas marinhas mais eficazes na conservação da biodiversidade são aquelas que estão ligadas entre si por bolsas ou corredores, para permitir que as espécies consigam passar de umas para as outras, segundo um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Uma equipa de investigadores estudou a capacidade de dispersão das larvas de uma espécie de peixe da Barreira de Coral do Belize, o Elacatinus lori. Esta espécie pertence à família Gobiidae, uma das famílias de peixes oceânicos mais diversas de todas, da qual fazem parte 2000 espécies, entre elas o caboz.
Ao longo de 41 quilómetros, os investigadores recolheram milhares de amostras de tecido destes peixes e concluíram que as larvas não dispersam para longe dos seus progenitores. Mais concretamente, não se afastam mais do que 1,7 quilómetros.
Na opinião dos cientistas, se as áreas protegidas marinhas querem preservar estas espécies, e a biodiversidade no geral, devem estar mais próximas umas das outras para permitir às larvas dispersarem-se entre elas e repovoar outras zonas.
A principal autora do estudo, Cassidy D’Aloia, agora na Universidade de Toronto, nota que a vida marinha ainda precisa de percorrer grandes distâncias entre reservas. “Se estas áreas estiverem ligadas, e se acontecer uma catástrofe numa delas, uma população poderá ser salva pelas larvas de outra”, acrescenta.
Há cada vez mais estudos científicos que demonstram que as áreas marinhas protegidas – zonas onde são proibidas actividades extractivas como a pesca – podem aumentar a biodiversidade dentro dos seus limites e nas áreas envolventes. Mas apesar do declínio dos recifes de coral e das espécies piscícolas, apenas 1,6% dos oceanos tem estatuto de protecção.
“Antes do nosso estudo não tínhamos uma compreensão profunda e quantitativa de quão longe se conseguem dispersar as larvas de peixe, em relação aos seus progenitores”, diz Peter Buston, da Universidade de Boston e co-autor do estudo. “Se quisermos criar redes eficazes de reservas marinhas, precisamos de saber até onde os jovens peixes conseguem ir. O nosso estudo sugere que para peixes como o Elacatinus lori, as áreas protegidas precisam de estar mais próximas entre si.”