A maior associação de jardinagem no país, a Royal Horticultural Society, afirma agora que estes e outros pequenos invertebrados têm um “papel importante” na manutenção de ecossistemas saudáveis e vai trabalhar para uma relação positiva dos horticultores com estas espécies.
Uma simples pesquisa por “caracóis e lesmas” na Internet produz dezenas de sugestões sobre as maneiras mais eficazes de afastarmos estas “pestes” das hortas e jardins. Mas será que estes animais são realmente inimigos dos espaços verdes?
A Royal Horticultural Society (RHS) considera que não e adianta que apenas nove das 44 espécies de lesmas e caracóis conhecidas no país comem plantas de jardim, segundo uma notícia publicada esta sexta-feira pelo The Guardian. A jardinagem é uma das principais ocupações de tempo livre dos britânicos.
Na verdade, caracóis e lesmas “têm um papel importante na jardinagem amiga do planeta e na manutenção de um ecossistema saudável”, sublinhou o entomólogo principal da RHS, Andrew Salisbury, citado pelo jornal.
Uma das principais tarefas destes animais invertebrados é precisamente a reciclagem da matéria morta nos espaços verdes, uma vez que ajudam a transformar as folhas e outras partes de plantas já secas em terra, novamente.
“A RHS está muito ciente do papel que os jardins têm no apoio à biodiversidade e por isso não irá mais nomear qualquer vida selvagem no jardim como ‘peste'”, afirmou o mesmo responsável. “Em vez disso, haverá grande consideração e vamos focar-nos no papel que lesmas, afídios e lagartas têm num ecossistema equilibrado no jardim, em conjunto com outra fauna selvagem mais popular como aves, toupeiras e rãs.”
Assim, a associação vai procurar contribuir para uma visão positiva sobre espécies mal amadas pelos jardineiros, incluindo formigas, joaninhas e vespas, acrescentou. Muitos destes invertebrados são por exemplo um alimento importante para as crias de aves como os chapins. Já as vespas e as joaninhas alimentam-se de afídios.
A RHS costuma publicar todos os anos o “top ten” das “pestes” que motivaram mais queixas entre os membros da associação. Mas a partir de agora, “entre as emergências do clima e da biodiversidade, é tempo de aceitarmos graciosamente, aliás encorajarmos activamente, mais desta vida dentro dos nossos jardins”, apelou Salisbury, num artigo de opinião.
Assim, em vez de “armadilhas mortais” para caracóis e lesmas, a associação propõe que se coloquem plantas favoritas desses gastrópodes ao pé de locais onde estes se concentram no jardim, para evitar que se vão alimentar dos vegetais, por exemplo. Ou então, entre várias outras propostas, apanhar os pequenos invertebrados e colocá-los dentro de um contentor de compostagem no jardim, onde serão uma ajuda preciosa.
Saiba mais.
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