Miguel Dantas da Gama escolheu três dos cinco centros de interpretação e recepção de visitantes do Parque Nacional da Peneda-Gerês, portas de entrada para redutos de natureza enquadrados por belos cenários de montanha. Para que os leitores da Wilder os incluam no plano de viagem de uma semana de férias bem planeada pelas maiores serranias do noroeste de Portugal.
Lamas de Mouro
Podemos aceder à grande mancha florestal de árvores caducifólias e de folha perene onde as insfraestruturas da Porta de Lamas de Mouro se encontram inseridas, a partir de Melgaço, ou atravessando a Serra da Peneda desde o Soajo. Este bosque misto é já um ponto de interesse. Pássaros-carpinteiros e outras aves ainda melhor dotadas para trepar pelos troncos, podem ser uma primeira atração para os visitantes mais pacientes e interessados pela ornitologia. Corços e esquilos também ocorrem por aqui.
O centro de acolhimento sugere trilhos pelo Planalto de Castro Laboreiro e pelos carvalhais da Peneda, duas áreas da região muito distintas, ambas interessantes. O ideal é caminhar pelas duas, apreciando o contraste entre o espaço a maior altitude, de relevo suave e horizontes a perder de vista, e as encostas pedregosas e acidentadas da serra vizinha, onde bosquetes de carvalho-negral cercam lameiros harmoniosos pertencentes a muitas brandas.
Mezio
O melhor trajecto para atingir o Mezio é a partir dos Arcos de Valdevez. Um observatório de aves com um guia dedicado às espécies que nele podem ser seguidas nos alimentadores a que são atraídas é, desde a última Primavera, um bom motivo para visitar o respectivo centro de interpretação, dedicado à natureza e à biodiversidade.
A partir desta segunda Porta, múltiplas caminhadas são possíveis, desde logo pelo interior da mata de carvalhos, azevinhos, vidoeiros, castanheiros, pereiras-bravas, pinheiros-silvestres e muitas outras espécies arbóreas, que a partir daqui se expande pelas encostas sobranceiras à aldeia do Soajo. O arvoredo mantém-se denso apesar de mais circunscrito pelos fogos que o têm violentado.
Montalegre
É a terceira paragem proposta. Se o leitor sair do Centro de Interpretação de Montalegre bem informado sobre a região oriental do Parque Nacional, terá vontade de partir na direcção de Sezelhe. Depois de Covelães a estrada sobe para norte, acompanhando rio Mau, um vale bem revestido por um extenso carvalhal montano, onde predomina o carvalho-negral.
Sobe-se mais, as vistas ampliam-se, expandindo-se em todas as direcções. Estamos finalmente no Planalto da Mourela, uma imensidão de território de vegetação rasteira composta por urzais de altitude, prados, turfeiras e outras áreas alagadas.
Na Fraga da Moura atingimos a zona mais elevada da estrada de acesso a Tourém.
As últimas semanas de Verão ainda são propícias para avistamentos de picanços-de-dorso-ruivo, cartaxos-nortenhos, tartaranhões-azulados, espécies difíceis de observar noutras paragens. Ao longe, para poente, os píncaros mais orientais do Gerês, assomam-se acima desta grande planura. Para ir ao seu encontro há que voltar para trás e seguir até Pitões das Júnias. Um pouco depois da aldeia, na estrada de acesso à portela do mesmo nome, podem tentar-se avistamentos igualmente especiais.
Nestas encostas escarpadas, por entre corgas bem apertadas, pastam as cabras-montês na vizinhança de uma colónia rara de gralhas-de-bico-vermelho. Tentar ver ambas as espécies exige um binóculo potente, ou, melhor ainda, um telescópio montado sobre um tripé. E disponibilidade de tempo. Quase sempre, um sorriso de satisfação remata a jornada de quem se dispôs a esperar.
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Para aproveitar melhor as férias de Verão, pedimos a vários naturalistas e especialistas ligados à biodiversidade algumas sugestões de passeios. Aqui pode descobrir todas as sugestões já publicadas:
Estações da biodiversidade entre a Serra da Freita a Montemuro (Arouca, Cinfães, Castro Daire), por Patrícia Garcia Pereira
Serra do Marão/Alvão, por Luís Quinta
Serra do Caramulo e Parque do Buçaquinho, por Milene Matos
Quinta do Lago e Via Algarviana, por Almargem
Parques e carvalhais da Área Metropolitana do Porto, por Marta Pinto