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Que espécie é esta: líquene do género Peltigera

07.10.2021

A leitora Maria Teresa Lopes fotografou este líquene na Mata da Albergaria a 31 de Dezembro de 2020 e pediu para saber qual a espécie. Paula Matos responde.

“Reparei nesta planta de cor escura em 31 de dezembro na mata da Albergaria enquanto fotografava fungos. O que é?”, perguntou a leitora à Wilder.

Trata-se de um líquene do género Peltigera.

Espécie identificada e texto por: Paula Matos, investigadora no Centro de Estudos Geográficos, IGOT (Instituto de Geografia e Ordenamento do Território) da Universidade de Lisboa.

O líquene da fotografia é uma Peltigera. Não sei dizer que espécie de Peltigera ao certo, precisava de ver uma série de características que não consigo ver na fotografia. 

Estas espécies são geralmente escuras (acinzentadas), mas a cor pode variar quando estão molhadas.

Aquilo que me parece é ser uma das espécies com cianobactéria como fotobionte, porque me parece estar molhada e, caso isso seja verdade, na sua forma molhada é cinzenta (indicativo da presença de cianobactérias; caso fosse verde quando molhada seria alga verde).

Aquelas coisas alaranjadas que se vêm são os apotécios, a parte de reprodução sexuada do líquene.

Estas espécies são geralmente terrícolas, de habitats húmidos e frescos e podem crescer também, como vemos na foto, sobre musgos nos troncos das árvores ou sobre turfa ou rocha nas florestas.

Habitam geralmente locais com sombreados (não muito expostos ao sol), húmidos e com nenhuma ou pouca eutrofização (varia de espécies para espécie, mas no geral são espécies bastantes oligotróficas (pouco tolerantes a poluição por pó ou compostos azotados). Significa isto que se as vemos, o local onde ocorrem é relativamente limpo em termos de qualidade do ar.

No geral preferem bosques onde encontram estas condições em vez de zonas de vegetação aberta ou pastos (salvo algumas exceções).

São líquenes que podem crescer bastante (mais um vez isto varia com a espécie) podendo atingir até cerca de 25 cm de diâmetro (algo já grande à escala dos líquenes).

Segundo a flora liquenológica ibérica temos registo de cerca de 15 espécies deste género; no Minho (já que esta foi fotografia na Mata da Albergaria) foram registadas cerca de 10 espécies.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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