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Que espécie é esta: pénis-de-cão

07.10.2021

O leitor Hugo Monteiro fotografou um estranho fungo em Valongo a 21 de Agosto e pediu ajuda na identificação. A associação Ecofungos responde.

“Encontrei esta espécie, possivelmente um cogumelo, em Valongo no dia 21 de Agosto 2021. Não consigo identificar e agradeço a vossa ajuda”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de um fungo da espécie pénis-de-cão (Mutinus caninus).

Espécie identificada e texto por: Ecofungos – Associação Micológica.

A espécie que o leitor fotografou é muito curiosa por vários motivos, a começar pelo nome (“Pénis de cão”).

Trata-se de uma espécie inserida num grupo de fungos que na sua evolução adotou uma estratégia de sobrevivência interessante: mimetiza a carne em putrefação (cor e cheiro), atraindo insetos necrófagos.

Os esporos são liquefeitos, na sua maturação, e ficam impregnados no corpo dos insectos que por ali passam. Deste modo, estes insectos contribuem para a dispersão dos esporos da espécie transportando-os para distâncias muito consideráveis.

Esta espécie, a Mutinus caninus, assemelha-se a outras que já identificámos aqui, como por exemplo, a Phallus impudicus e a gaiola-de-bruxa (Clathrus ruber), que desenvolveram a mesma estratégia de dispersão dos seus esporos.

Esta espécie desenvolve-se inicialmente sob a forma de um ovo gelatinoso, que se irá manter até à maturação final do fruto (cogumelo). Este ovo fica no solo e disponibiliza a humidade necessária ao cogumelo para que se mantenha  fresco por mais tempo, a fim dos seus esporos serem transportados.

É uma espécie sapróbia ou decompositora.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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