Este abutre-preto (Aegypius monachus), espécie Criticamente Em Perigo e com apenas três núcleos reprodutores em Portugal, foi uma das duas únicas crias a nascer em 2020 no Douro Internacional, revela a Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural.
Foi a 29 de Julho passado que este jovem abutre, nascido e marcado com dispositivos GPS no Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) em 2020, regressou pela primeira vez ao território onde nasceu.
A equipa da Palombar observou-o num campo de alimentação para aves necrófagas (CAAN) que gere no concelho de Miranda do Douro (Bragança). O juvenil de abutre-preto foi registado através de câmara de fotoarmadilhagem, segundo um comunicado enviado ontem à Wilder.
O juvenil de abutre-preto, batizado de Lechuga, nasceu em 2020, assim como outro indivíduo da mesma espécie, e são crias dos dois únicos casais reprodutores de abutres-pretos até agora identificados no PNDI.
“O Lechuga abandonou a sua zona de nascimento, no PNDI, em Fevereiro de 2021 e, desde então, tinha estado a explorar novos territórios entre Espanha e Portugal, nomeadamente a província de Salamanca, a Serra de Gredos e a Extremadura espanhola, bem como o Alentejo”, segundo a Palombar.
Nos últimos meses, tinha-se alimentado com frequência numa lixeira localizada próxima à cidade de Salamanca, em Espanha, um comportamento comum entre os abutres. “Nestes locais, a espécie encontra alimento disponível e abundante, mas de pouca qualidade, visto que pode estar muito provavelmente contaminado, havendo um maior risco de intoxicação.”
Depois de um périplo dispersivo, Lechuga voltou, pela primeira vez, no dia 29 de julho deste ano, ao território onde nasceu no PNDI, “tendo sido atraído pela movimentação e atividade de outros abutres num dos CAAN localizado no PNDI gerido pela Palombar”.
Juntamente com Lechuga, foram também registados mais cinco abutres-pretos, todos estes provavelmente sub-adultos. O registo foi confirmado também através de dados de GPS emitidos pelo dispositivo colocado no abutre.
“O registo deste indivíduo num CAAN vem comprovar a importância destas estruturas para a disponibilização de alimento com qualidade, livre de substâncias tóxicas e de forma regular para espécies de aves necrófagas ameaçadas, a qual é fundamental principalmente durante a época de reprodução e período de dispersão dos juvenis, contribuindo também para o estabelecimento e fixação destes no território e para o aumento da sua população nidificante.”
Em maio de 2020, a Palombar também tinha registado pelo menos oito abutres-pretos a alimentarem-se num CAAN gerido pela organização no concelho de Mogadouro.
As duas únicas crias de abutre-preto nascidas no PNDI em 2020 foram marcadas com dispositivo GPS cedidos pela Vulture Conservation Foundation, nos dias 26 de Junho de 2020 e 13 de julho do mesmo ano, numa ação realizada no âmbito do projeto LIFE Rupis e coordenada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF/DRCNF do Norte/PNDI), com intervenção da ATNatureza- Associação Transumância e Natureza, parceiros do LIFE Rupis, assim como a Palombar. Estes foram os primeiros abutres-pretos a serem marcados com GPS no PNDI.
O abutre-preto (Aegypius monachus) é a maior ave em Portugal, onde é considerado Criticamente em Perigo de extinção, desde 2005. Em território português há hoje três núcleos reprodutores, incluindo o Douro Internacional e também o Alentejo e o Tejo Internacional. É nesta última região que está hoje a maior colónia.
A espécie extinguiu-se como nidificante em Portugal no início da década de 70. No entanto, manteve-se presente na faixa fronteiriça das regiões centro e sul, com indivíduos provenientes de Espanha. Só em 2010 o abutre-preto voltou a nidificar em Portugal, no Parque Natural do Tejo Internacional. Em 2012, registou-se o primeiro casal nidificante no PNDI e, em 2019, o segundo.
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