Na semana do Dia Internacional do Fascínio das Plantas, que se comemora a 18 de Maio, a Wilder desvenda-lhe as espécies que especialistas no mundo botânico desejam observar. Saiba também o que os fascina e que medidas gostariam de ver aplicadas em Portugal.
Fernanda Botelho é especialista e autora de livros para adultos e crianças sobre as plantas silvestres e os seus usos terapêuticos e culinários.
Wilder: Que planta ou plantas gosta de ver a florir no mês de Maio em Portugal?
Fernanda Botelho: Gosto de todas mas talvez estas sejam as que me saltam mais à vista: hipericão, fel-da-terra e sabugueiro, papoilas…
W: Porquê?
Fernanda Botelho: Porque são muito vistosas, comuns e cheias de propriedades medicinais. Chamam-nos da berma da estrada onde não devemos colhê-las para consumo, quer seja para usos terapêuticos ou culinários – como é o caso da flor de sabugueiro (Sambucus nigra) que que se encontra em zonas húmidas junto a linhas de água e com a qual se confecionam deliciosas bebidas aromáticas.
Com o hipericão Hypericum perforatum faço uma maceração em azeite que rapidamente absorve os pigmentos vermelhos da planta e depois vou usando ao longo do ano em feridas e queimaduras e sobretudo em dores ciáticas. Não conheço nada mais eficaz dentro dos remédios naturais.
O fel-da-terra (Centarium erythrea), como diz o nome, é uma das plantas mais amargas que temos em Portugal, para além da genciana, e é usado para tratar problemas de fígado e diabetes tipo 2. As papoilas porque são papoilas e alegram qualquer paisagem e toda a gente as adora exceto os técnicos de limpeza das juntas de freguesia.
W: O que é que considera mais fascinante nas plantas?
Tudo. As cores, as texturas, as inteligentes estratégias de sobrevivência e adaptabilidade, a forma como desenvolveram mecanismos de comunicação com os seus polinizadores.
W: No que respeita à flora portuguesa, que medidas são hoje mais prioritárias?
Modificar a forma como se pratica agricultura convencional e intensiva, com recurso a muitos pesticidas e herbicidas que vão destruindo uma enorme quantidade de flora autóctone, ameaçando muitas vezes espécies em vias de extinção. Educar a população para a aceitação, valorização e reconhecimento da flora espontânea no campo e na cidade. Apoiarmos associações de defesa do ambiente e tornarmo-nos cidadãos ativos informados e intervenientes.
Saiba mais.
Fique a conhecer melhor Fernanda Botelho, neste artigo publicado pela Wilder em 2015, num passeio em que também nos dá a conhecer os usos medicinais de sete plantas silvestres.
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