Um estudo científico confirma um declínio dramático destes predadores de topo, em especial devido às pescas e às capturas acidentais.
O novo estudo, realizado por uma equipa internacional, comparou 57 bases de dados globais, relativas a 18 espécies de tubarões oceânicos e de raias, contidos no índice internacional Living Planet Index. Os cientistas analisaram também a forma como evoluiu o risco de extinção para todas as 31 espécies deste grupo, através da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. Os resultados foram publicados esta quinta-feira na Nature.
“Os números mostram que a abundância global de tubarões oceânicos e raias caiu para um ponto em que 75% destas espécies estão classificadas como ameaçadas de extinção”, nota Cassandra Rigby, autora principal do artigo e investigadora da James Cook University, na Austrália.
De acordo com o The Guardian, metade das espécies de tubarões oceânico estão agora Em Perigo ou Criticamente em Perigo, os dois últimos degraus na escada rumo à extinção na natureza. A situação é mais grave para o galha-branco-oceânico (Carcharhinus longimanus), o tubarão-martelo (Sphyrna lewini) e o grande-tubarão-martelo (Sphyrna mokarran). No que respeita às raias, também a jamanta (Mobula birostris) está em risco de desaparecer.
Os investigadores apontam o dedo principalmente ao aumento da pressão da indústria pesqueira sobre tubarões e raias, incluindo as muitas capturas que acontecem de forma acidental durante a pesca de outras espécies, como o peixe-espada e o atum. Este grave problema junta-se a outros factores, como a desoxigenação e o aumento da temperatura dos oceanos.
Contas feitas, esta equipa estima que ao longo dos últimos 50 anos houve um aumento de 18 vezes na chamada pressão de pesca relativa, um indicador que compara as capturas com o número de tubarões e raias que restam.
Resultado? A abundância global destes peixes caiu 71% desde 1970. No entanto, “o declínio pode ser ainda mais severo, uma vez que estas análises iniciam-se em 1970 mas as frotas pesqueiras começaram a expandir-se mundialmente ainda antes dos anos 1950”, avisa Cassandra Rigby, num comunicado da James Cook University.
“Precisamos de introduzir imediatamente limites de pesca para impedir o colapso das populações de tubarões e raias”, apela por sua vez Colin Simpfendorfer, co-autor do estudo, também ligado à mesma universidade. “Os governos têm de adoptar, implementar e obrigar – a nível doméstico e internacional – a que haja limites de pesca baseados na ciência e outras medidas de protecção.”
Em contrapartida, haverá graves consequências se não se fizer nada, sublinha. “Há um momento em que o esgotamento de espécies atinge um ponto de não retorno. Se nada for feito e atingimos esse ponto, então estamos a arriscar um futuro de oceanos sem tubarões e raias.”
Apesar das más notícias, Simpfendorfer adianta que as populações de grande-tubarão-martelo e de tubarão-branco (Carcharodon carcharias) no Atlântico Noroeste parecem estar a recuperar, devido às leis americanas que protegem essas espécies.
Recorde estes oito factos sobre tubarões portugueses que precisa de saber.
Apoie o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.
Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.
Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.
O calendário pode ser encomendado aqui.