O leitor Nuno Neves encontrou esta aranha a 8 de Agosto na Praia do Meco, e pediu ajuda na identificação. Sérgio Henriques responde.
Tratar-se-á de uma aranha-lobo, também conhecida como tarântula-ibérica ou tarântula-hispânica (Lycosa cf. hispanica), ou seja, a confirmar.
Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.
É uma das maiores aranhas da nossa fauna, embora passe muitas vezes despercebida por viver na sua toca.
Esta espécie ocorre ao longo de todo o ano, mas aparece mais nos meses de Primavera e Verão.
É, sobretudo, uma aranha crepuscular e nocturna mas também pode estar activa durante o dia, particularmente se for perturbada (por actividades agrícolas, por exemplo).
A aranha-lobo é uma espécie que prefere ambientes mais secos mas já a vi em locais bem húmidos e frescos. É uma espécie bem adaptável.
A maioria dos adultos morre antes ou durante o Inverno. As crias passam o Inverno na sua pequena toca, que irá ser a sua zona de caça e habitação para o próximo ano.
Esta aranha produz veneno e é bastante perigosa mas só para os insectos de que se alimenta, mas não será perigosa para humanos. Particularmente se a espécie não for perturbada.
Aranhas são animais tímidos de hábitos esquivos, que só vemos se formos de facto merecedores e prestarmos atenção ao que nos rodeia. A enorme maioria das espécies tem bocas demasiado pequenas que fisicamente não são capazes de nos morder (tal como eu não sou capaz de morder o tampo de uma mesa) ou de perfurar a pele humana (que ainda é bastante grossa em quase todo o corpo). Mas mesmo quando a mordedura ocorrre, os sintomas serão ou nulos ou negligenciáveis. Nestas espécies o medo, causado pelo transtorno ou choque, é bem mais perigoso que a mordedura.
Ninguém morre de mordedura de aranha em Portugal (ou mesmo na Austrália), mas a aracnofobia mata todos os dias.
Agora é a sua vez.
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