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Hamster-comum passa a estar Criticamente em Perigo de extinção

15.07.2020

O hamster-comum e a baleia-franca-do-Atlântico-Norte são duas das espécies que passaram a estar classificadas Criticamente em Perigo de extinção, anunciou a UICN.

 

Esta foi uma das alterações na última revisão da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), à qual foram acrescentadas 4.260 espécies, o que perfaz 120.372 espécies de animais, plantas e fungos que têm hoje o estatuto de ameaça avaliado. Destes, 27% estão ameaçados de extinção, sendo considerados Vulneráveis, Em Perigo ou Criticamente em Perigo.

No caso do hamster-comum (Cricetus cricetus), embora não seja uma espécie nativa de Portugal e Espanha, já foi abundante em muitos outros países da Europa e na Rússia. Mas actualmente, tem sofrido severos declínios populacionais em todas as áreas onde habita, indica uma nota publicada pela UICN.

 

Hamster-comum. Foto: Mathilde Tissier/IPHC-LIFE Alister

 

Como resultado, este roedor passou a estar Criticamente em Perigo, último degrau na escada para a extinção na natureza. Nestes últimos anos, desapareceu do habitat original na região francesa da Alsácia e já não se encontra pelo menos num terço da sua área conhecida na Alemanha, tal como em mais de 75% da área de distribuição na Europa de Leste.

Os cientistas acreditam que tal se deve a taxas de reprodução mais baixas: “Enquanto uma fêmea de hamster tinha em média mais de 20 crias por ano durante grande parte do século XX, as fêmeas hoje em dia só dão à luz a cinco ou seis crias anualmente”, nota a UICN. Não se sabe ainda bem porquê, mas têm sido apontadas várias causas possíveis, desde a expansão das monoculturas ao aquecimento global.

Também a baleia-franca-do-Atlântico-Norte (Eubalaena glacialis), que já estava classificada Em Perigo, passou para Criticamente em Perigo. É uma das grandes baleias mais raras do mundo, mas já foi comum dos dois lados do Atlântico Norte, incluindo em águas portuguesas. Mas hoje em dia, a espécie só é observada no lado ocidental do Atlântico, mais próximo dos Estados Unidos e Canadá.

 

 

Baleia-franca-do-atlantico_norte. Foto: Marianna Hagbloom/Anderson Cabot Center, New England Aquarium

 

Estima-se que no final de 2018 estavam vivos menos de 250 indivíduos em idade de reprodução sexual, o que significa que a população caiu 15% desde 2011. Caçada sem descanso até à década de 1930, as grandes ameaças são agora o choque com embarcações e a captura acidental por artes de pesca, onde as baleias ficam presas. De 30 mortes ou ferimentos sérios provocados por humanos, entre 2012 e 2016, um total de 26 deveram-se à pesca.

As ameaças estão também a aumentar devido ao aquecimento global. “As temperaturas mais quentes do mar parecem estar a ‘empurrar’ as suas principais presas mais para norte durante o Verão, para o Golfo de São Lourenço”, explica a UICN, referindo-se a uma área junto ao Leste do Canadá. “As baleias ficam mais expostas a encontros acidentais com embarcações e também em alto risco de ficarem presas nas caixas para captura de caranguejos.”

 

Mais de um terço dos lémures ameaçados

Por outro lado, entre as 107 espécies de lémures conhecidas a nível mundial, todas elas nativas de Madagáscar, 33 estão hoje Criticamente em Perigo. Houve 13 espécies de lémures que viram a sua situação piorar nesta última revisão – incluindo o primata mais pequeno do mundo, da espécie Microcebus berthae.

“Estas espécies estão a sofrer declínios substanciais à medida que os seus habitats na floresta são destruídos em queimadas para a agricultura, tal como no corte de madeiras para carvão e lenha”, avisa a UICN. A caça é outra das grandes ameaças.

No resto de África, estima-se que mais de metade dos primatas – 54 de 103 espécies – estão agora ameaçados. Em causa está especialmente o grupo dos colobus vermelhos, o género de macacos em maior perigo naquele continente, indica a organização.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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