A leitora Rita Almeida encontrou uma aranha em Almada e pediu auxílio para identificar a que espécie pertence. Sérgio Henriques responde.
“Gostaria de saber, se possível, que aracnídeo é este e se a cor é original, camuflagem ou mimetismo”, pediu a leitora, na mensagem enviada à Wilder sobre a fotografia captada em Maio passado.
Trata-se de uma fêmea de aranha caranguejeira (Thomisus onustus).
Identificação da espécie e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.
Esta espécie de aranha (Thomisus onustus) não produz teia.
A estratégia em questão é tecnicamente camuflagem, através da qual a aranha caranguejeira se tenta confundir com o pano de fundo, as flores onde caça. Esta espécie tem várias colorações, incluindo branco, rosa e amarelo, e pode mudar de cor para se adaptar à flor onde se encontra ou onde é colocada. (É semelhante a um camaleão mas bem melhor, pois ao contrário daquele não é uma espécie invasora em Portugal.)
Apesar de passar despercebida para um pássaro ou outro predador, para uma potencial presa – que consegue ver no espectro UV – a aranha sobressai um pouco mais. Mas essa característica não faz com que os polinizadores evitem estas flores. Na verdade parece fazer com que os insectos as visitem mais e considerem a aranha como uma zona ideal de aterragem, no que acaba por ser o seu último voo.
Estas aranhas são tão essenciais para manter a saúde dos ecossistemas como os lobos para manter a saúde da população de veados. Alimentando-se dos insectos mais frágeis ou doentes, garantem que as plantas são polinizadas apenas pelos melhores e mais saudáveis polinizadores, que terão mais probabilidade de levar o pólen da flor para longe de forma rápida e eficaz.
[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.
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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.