Fotógrafo profissional de natureza e vida selvagem, Carlos Rio lançou agora um guia para ajudar a identificar as aves do Parque Natural do Litoral Norte. Em formato electrónico, interactivo e fácil de transportar no bolso.
O Parque Natural do Litoral Norte (PNLN) estende-se por todo o litoral do concelho de Esposende num total de 16 quilómetros. Carlos Rio, que praticamente todos os dias visita a zona da Foz do Cávado nesta área protegida, percebeu que há um número crescente de visitantes curiosos e quis ajudá-los a identificarem as aves que ali habitam.
O novo guia inclui cerca de 300 fotografias de aves, incluindo imagens com 12 anos, outras apenas com alguns meses. Foram vários os desafios interessantes: “Há sempre algumas espécies que pela sua raridade, pela sua discrição e pelo seu comportamento, são autênticos quebra-cabeças para se conseguirem fotografar!”, lembrou o fotógrafo, em entrevista à Wilder.
Wilder: Porque é que escolheu o Parque Natural do Litoral Norte para tema deste novo guia de aves?
Carlos Rio: Fotografo em todo o país e não só, mas este Parque é o meu “escritório”! Vivo junto da área mais importante do PNLN, o Estuário do Cávado em Fão, e é raro o dia em que não saio nem que seja apenas para fazer observação.
Como este espaço natural sofre uma grande pressão, sobretudo no Verão, acho que é importante que as pessoas conheçam os seus habitantes selvagens para que possam sensibilizar-se para a sua conservação e dos seus habitats.
Por outro lado, sinto que há cada vez mais pessoas a visitarem o Parque com sede de conhecimento. Quando estou a fotografar, muitas acercam-se de mim e fazem muitas perguntas e ficam bastante admiradas quando explico a grande quantidade de aves que por aqui se podem observar. Este guia acaba por ser uma ferramenta para o conhecimento do PNLN, que estava em falta.
W: Quando é que surgiu a decisão de fazer o guia e quanto tempo demorou?
Carlos Rio: Há sete anos editei um guia de bolso sobre as aves do Estuário do Cávado. E desde essa altura comecei a sentir necessidade de mostrar todo o Parque Natural porque, como já referi, há cada vez mais pessoas que procuram o contacto com o mundo natural e querem aprender mais.
Por outro lado, também foram sendo abertas, quer pelo Parque, quer pela autarquia, novas vias de acesso a determinadas áreas no PNLN. Isso implica maior pressão, mas também abre a possibilidade de encontros com espécies que não conseguimos ver no nosso jardim.
Quanto ao guia propriamente dito, começou a ser trabalhado no computador há cerca de dois meses, mas as fotografias têm sido obtidas ao longo dos anos. Há algumas com 12 anos, enquanto outras foram feitas apenas há meses.
W: Houve mais pessoas envolvidas na produção deste ebook?
Carlos Rio: Tal como em todas as obras que já editei, apesar de ser o autor, há sempre um pouco de outras pessoas no resultado final: uns porque são simplesmente companheiros de fotografia, outros porque ajudaram a estabelecer estratégias para fotografarmos em conjunto algumas espécies, outros porque simplesmente me incentivaram, a minha família que penou com as minhas longas ausências…. Há sempre colaborações e ajudas.
Das cerca de 300 fotografias que estão neste guia, apenas seis não são minhas. Para além das fotografias, também fiz todo o trabalho gráfico. E desta vez, porque optei pelo formato electrónico, foi mais complicado na medida em que tentei criar um ambiente interactivo e que facilitasse a sua consulta no campo.
W: Quantas espécies de aves estão aqui retratadas? Houve algumas mais difíceis de fotografar?
Carlos Rio: São exactamente 143. Há sempre algumas espécies que pela sua raridade, pela sua discrição e pelo seu comportamento, são autênticos quebra-cabeças para se conseguirem fotografar! O frango-d’água (Rallus aquaticus), por exemplo, é das mais complicadas, faz-se ouvir mais do que se mostra.
A toutinegra-do-mato (Sylvia undata), que quase não dá tempo para focar. E o falcão-peregrino (Falco peregrinus), que aqui não tem locais de pouso como noutros locais, normalmente só se consegue fotografar quando passa em grande velocidade.
Outro exemplo é a águia-pesqueira (Pandion haliaetus). Obriga a horas intermináveis de espera e não aparece, a não ser quando já se tem o equipamento na mochila e se está a abandonar o local… Mas há sempre a compensação de se estar no meio natural e isso é impagável.
W: Que recursos disponibiliza este guia para quem visitar o PNLN?
Carlos Rio: A novidade é que, em primeiro lugar, dispensamos o papel e todo o processo tipográfico que implica o uso de tintas, transportes e mais uma série de coisas pouco amigas do ambiente.
Depois, significa menos uma coisa na mochila do observador, menos peso, e não precisamos de andar para trás e para a frente nas folhas de um livro à procura da informação. Com simples toques nos nomes das aves no índice avançamos para a ficha da espécie escolhida. Aí podemos, sempre com um toque, passar para o mapa do Parque e ver os locais onde podemos observá-la, ou voltar directamente para o índice.
Tocando na principal fotografia de cada espécie, tendo ligação à Internet, viajamos para o portal Aves de Portugal para a página dessa espécie onde podemos ver mais fotos, ouvir os sons e até ver vídeos da ave em causa.
E no mapa do PNLN, tocando nos sinais dos locais assinalados, avança-se para a fotografia do local em causa, para possível identificação caso se queira lá ir. A vantagem, no fundo, é termos toda a informação no telemóvel sem precisarmos de uma ‘app’ ligada à Internet, pois a funcionalidade que precisa de Internet é um complemento.
W: Há planos para lançar o livro em papel?
Carlos Rio: É óbvio que um livro tem sempre aquela magia. Sei bem qual é a sensação de ir à tipografia fazer revisões e depois receber o primeiro exemplar impresso nas mãos. Independentemente deste ebook ser uma experiência e ter também origem em algumas preocupações ambientais, de estar a ter felizmente muito sucesso e de o feedback ser surpreendentemente bom, gostaria de ver este guia em papel e com informação mais detalhada ainda. Mas é uma tarefa difícil porque os custos são grandes e nesta altura que atravessamos os apoios à edição não serão com certeza fáceis de conseguir. Não tenho por isso planos, mas tenho o sonho!
W: Entre as aves retratadas no guia, que espécies sugere a quem for visitar o PNLN pela primeira vez?
Carlos Rio: Para a visita ser mais fácil, começo por indicar um local onde será praticamente impossível falhar a observação das aves que sugiro: o Estuário do Cávado.
Na Primavera e Verão, sugiro a alvéola-amarela (Motacilla flava) e o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus); no Outono e Inverno, a águia-pesqueira (Pandion haliaetus) e o guarda-rios (Alcedo atthis).
Aves do Parque Natural do Litoral Norte
Autor: Carlos Rio
Como adquirir: Contactar o autor ([email protected])
Pagamento: Por transferência bancária ou por MB Way
Preço: 6€
Cada ficheiro é personalizado com o nome de quem o adquire e com o número da cópia
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Recorde ainda a história de uma fotografia de abutres que mais parece uma pintura, tirada por Carlos Rio.