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Que espécie é esta: medusa Catostylus tagi

06.09.2019

A leitora Isabel Estácio fotografou esta medusa a 3 de Setembro na praia das Avencas e quis saber qual a espécie a que pertence. A equipa do GelÀVista dá-lhe a identificação.

Isabel Estácio encontrou esta medusa a seco na maré vazia da praia das Avencas (Parede, Cascais). “Não sei nada sobre alforrecas, só sei que esta era lindíssima e que estava viva”, contou a leitora à Wilder. 

“Cuidadosamente, confesso que com ajuda de uns sacos de plástico que tinha a proteger o meu material fotografico, empurrei-a delicadamente para uma zona com água. Depois bastava orientá-la para uma zona de água que não desaparecesse com a continuação da maré a vazar. Movimentando  os braços dentro de agua provoquei uma ligeira corrente de água que ela aproveitou.”

Isabel passou lá de novo uma hora depois e “ela continuava dentro de água mas no mesmo local. Daí a pouco a maré começaria a encher… Não sei se ela estava ferida e por isso estava próximo da costa… Nunca me tinha interessado tanto por uma alforreca! Adorava saber mais sobre elas”.

A espécie que observou é uma medusa Catostylus tagi.

Espécie identificada e texto por: Equipa do GelAVista, do Grupo de Oceanografia e Plâncton do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Esta é uma espécie muito comum nos estuários do Tejo e do Sado e nas praias próximas.

É uma espécie de medusa de grandes dimensões, podendo atingir os 65 centímetros de diâmetro, e considerada como ligeiramente urticante.

Estas medusas podem apresentar uma cor esbranquiçada, acastanhada ou azulada. As gónadas em forma de “X” são características, tal como os oito tentáculos volumosos com excrescências e as fissuras avermelhadas ou acastanhadas no bordo da campânula.

Dos dados até agora obtidos pelo GelAvista podemos informar que a mesma já foi avistada nas praias do distrito de Aveiro e nas praias do sotavento algarvio, ocorrendo de Julho a Janeiro, com um máximo de abundância em Outubro.

A medusa que a Isabel encontrou estaria viva, segundo o GelAvista. “Acreditamos que a medusa estivesse viva e que a leitora poderá ter, efetivamente, ajudado na sua sobrevivência. As medusas são arrojadas até à costa porque não conseguem enfrentar as marés e correntes mais fortes, apesar de estarem saudáveis. As medusas são pobres nadadores e, talvez por isso, a Catostylus tagi é conhecida por preferir habitar águas calmas e costeiras como marinas, portos e baías.”


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Saiba mais.

Conheça melhor o trabalho do GelAVista, um projecto de Ciência Cidadã do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) sobre os gelatinosos da costa portuguesa. E como pode participar no registo de espécies de organismos gelatinosos.

As suas observações são tão importantes no Inverno como no Verão. De acordo com o IPMA, basta enviar informação sobre o avistamento para o email do projecto, [email protected]. Neste, deve incluir dados sobre a data, local, número de organismos observados e ainda uma fotografia dos mesmos, sempre que for possível.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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