Anjos Martins deparou com algo de aspecto estranho em Julho passado, enquanto cultivava na região do Porto, e pediu ajuda para identificar.
“Planta ou fungo? Encontrei na horta, entre cebolas e espinafres, este espécime. Não conheço”, referiu.
Trata-se na verdade de um fungo da espécie Clathrus ruber, conhecido pelos nomes comuns de gaiola-de-bruxa ou lanterna-das-bruxas.
Espécie identificada e texto por: Susana C. Gonçalves, investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.
Este cogumelo de aspecto alienígena alimenta-se de matéria vegetal em decomposição. É normal encontrá-lo nas hortas, sobretudo se o solo se encontrar coberto por palha ou casca de pinheiro.
Quando atinge a maturidade, o Clathrus ruber é uma espécie fácil de identificar devido ao seu aspecto característico de bola oca com uma superfície reticulada, mais ou menos vermelha, e com um cheiro nauseabundo.
Em contrapartida, quando este fungo é ainda muito jovem, tem o aspecto de um ovo mole, esbranquiçado, coberto por uma membrana fina e preso ao solo por cordões chamados rizomorfos. Depois, à medida que o cogumelo se expande, a membrana vai-se rompendo para revelar a rede, mas permanece na base da estrutura, envolvendo-a.
Se observarem mais perto, verão que na face interna da estrutura em rede existe uma massa pegajosa escura (a gleba), que contém os esporos.
No caso do Clathrus ruber, esta gleba tem uma função engenhosa: o cheiro forte a carne podre atrai moscas e outros insectos, para ajudar a dispersar os esporos.
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