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flor da Paphiopedilum papilio
Paphiopedilum papilio. Foto: Adunyadeth Luang

Esta é uma das 128 plantas que nasceram para a ciência em 2018

21.12.2018

Ao longo do último ano, por todo o mundo, cientistas e parceiros dos Kew Gardens descobriram 128 espécies de plantas vasculares e também 44 espécies de fungos, anunciou o jardim botânico real britânico. Fique a conhecer 9 das novas espécies.

 

Muitas destas espécies, quando foram pela primeira vez registadas para a ciência, já estavam todavia ameaçadas de extinção, alerta a nota divulgada esta semana pelos Kew Gardens. É o caso da orquídea Paphiopedilum papilio-laoticus, que foi descoberta no mercado negro, no Laos (Sudeste Asiático), e está entre muitas das espécies ameaçadas pelo comércio ilegal.

 

flor da Paphiopedilum papilio
Paphiopedilum papilio. Foto: Adunyadeth Luang Aphay/Kew Gardens

 

Os cientistas descobriram ainda outras quatro novas espécies de uma das maiores famílias de plantas, a das orquídeas (Orchidaceae), incluindo a nova Bulbophyllum adolinae na Nova Guiné, Indonésia.

 

flores da Bulbophyllum adolinae
Bulbophyllum adolinae. Foto: Andrew Schuiteman/

 

Este achado vai ser comemorado pelo banco indonésio local, o Bank Negara Indonesia, que vai emitir os novos cartões com uma imagem desta planta.

Já a Lebbiea grandiflora, uma planta aquática encontrada pela primeira vez numa queda de água dos rápidos do rio Sewa, na Serra Leoa, foi desde logo classificada como estando em Perigo Crítico de extinção, de acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza. Principais ameaças? A exploração de minérios no local e o projecto para construção de uma hidroeléctrica.

 

Lebbiea grandiflora
Lebbiea grandiflora. Foto: DR/Kew Gardens

 

Quanto à família Myrtaceae, à qual pertencem plantas como a murta-comum, a pimenta-da-Jamaica e os eucaliptos, ganhou uma nova espécie encontrada nas Caraíbas, apenas nas montanhas nortenhas de Hispaniola.

 

Pimenta berciliae
Pimenta berciliae. Foto: Thais Vasconscelos

 

A nova Pimenta berciliae pertence ao aromático género Pimenta e faz parte de uma família “incrivelmente diversa”, indicam os Kew Gardens, “que dá mais biomassa de frutos às aves e mamíferos do que qualquer outra família”.

Por sua vez, a nova Ipomoea prolifera esteve entre as novas espécies encontradas para a ciência mais surpreendentes, uma vez que os investigadores só a detectaram após uma forte chuvada, que levou esta planta rara a florir.

 

flores da Ipomoea prolifera
Ipomoea prolifera. Foto: MT Martinez

 

“Encontrada na Bolívia, faz parte de uma longa lista de espécies raras e endémicas da região dos vales dos Andes.”

No mesmo país da América do Sul foi encontrada por cientistas, pela primeira vez, uma outra espécie de planta do género Ipomoea: a Ipomoea inaccessa nasce nos cumes dos Andes e é uma hera de grandes flores brancas, que cresce pelo menos 15 metros por cima das árvores da floresta. “Só foi alcançada quando as árvores tinham caído devido a derrocadas.”

 

flores da Ipomoea inaccessa.
Ipomoea inaccessa. Foto: JRI Wood

 

Durante o ano que está agora quase a terminar, houve também revelações que podem vir a ser importantes para a medicina. Melanie-Jayne Howes, cientista dos Kew Gardens, descobriu que as flores brancas da Kindia gangan, que ocorre em penhascos da região de Kindia, da Guiné, têm um pólen laranja brilhante que possui mais de 40 triterpenóides diferentes. Estes últimos são substâncias conhecidas por terem propriedades anti-cancerígenas.

 

Flores da Kindia Gangan
Kindia gangan. Foto: Martin Cheek

 

Ao mesmo tempo, estudos de ADN revelaram que se trata de uma nova espécie e de uma novo género para a ciência.

Já a Talbotiella cheekii é uma árvore gigante de 24 metros encontrada na costa da Guiné, nas florestas tropicais, com um tronco que pode chegar aos 83 centímetros de diâmetro, flores rosa-choque e frutos de sementes ‘explosivos’. Está Em Perigo de extinção, devido à desmatação que ameaça as florestas onde ocorre.

 

flores da Talbotiella cheekii
Talbotiella cheekii. Foto: Martin Cheek

 

Mas nem sempre os cientistas chegam a tempo. Outra das espécies emblemáticas que passaram a fazer parte dos registos científicos em 2018, destacadas pelos Kew Gardens, foi a Vepris bali.

 

Ilustração da Vepris bali

 

Recolhida nos Camarões em 1951 por Edin Ujor, foi alvo de muitas buscas ao longo das últimas décadas, mas nunca voltou a ser vista por investigadores. Agora, numa altura em que a região “está sob uma enorme pressão do corte de árvores e de destruição de florestas para a agricultura”, foi declarada extinta, mas também recebeu finalmente um nome.

 

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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