Pedro Cunha observa aves desde os 11 anos. Este fotógrafo de ouvido apurado percorreu os trilhos perto de Reguengos de Monsaraz e identificou mais de 20 espécies. Entre elas um pica-pau-pequeno distraído.
Foi ao final da tarde de sexta-feira, 8 de Maio, que Pedro Cunha, 52 anos, pôs pés ao caminho na região de São Pedro do Corval, freguesia do concelho de Reguengos de Monsaraz, Alentejo.
O percurso, que durou cerca de duas horas e meia, fez-se junto a um ribeiro, com árvores altas e mato cerrado nas margens. Flores do campo amarelas, brancas e roxas pintavam a paisagem, marcada por grandes azinheiras e enormes rochas arredondadas.
Pedro Cunha viu raposas e javalis e ouviu muitos sapos e rãs. Mas foi a abundância de aves que o fascinou. Deu-nos conta de mais de 20 espécies, desde a águia-de-asa-redonda e o peneireiro-cinzento ao mocho-galego, passando pelo papa-figos, poupa, pombo-bravo, pintarroxo, verdelhão, pintassilgo e chapim-azul.
“A maior parte das aves identifiquei-as pelo ouvido. À medida que ia andando ia registando os seus cantos inconfundíveis”, contou à Wilder. Como os rouxinóis. “Fiquei surpreendido com a grande quantidade de rouxinóis.”
Na sua lista ficaram também a pega-azul, a escrevedeira e a cotovia-de-poupa, o picanço-real e a toutinegra. E os estorninhos, “que imitam as outras aves”, ou o pica-pau-malhado, o abelharuco e a andorinha.
Entre os momentos que vai recordar está o seu encontro com um pica-pau-pequeno. “Nunca tinha estado a dois, três metros de um pica-pau-pequeno”, diz. “Parei no caminho quando o vi chegar e pousar numa árvore pequena e a começar a alimentar-se. Acho que ele nem me viu. E ficámos ali os dois, por uns instantes. Não é preciso irmos longe para termos grandes experiências na natureza.”