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Como fotografar libélulas

09.10.2018

Outubro é um dos melhores meses do ano para fotografar libélulas. Milhares destes insectos concentram-se nas suas migrações para Norte e são muito fáceis de encontrar. O naturalista Albano Soares ajuda-o a tornar-se um fotógrafo de libélulas.

 

Albano anda no campo e nas cidades a estudar e fotografar libélulas há 20 anos. São suas algumas das melhores fotografias destes insectos em Portugal e foi o primeiro a conseguir fotografar a icónica Macrómia (Macromia splendens).

 

Macromia splendens. Foto: Albano Soares

 

Numa expedição pelos jardins do Parque das Nações em Lisboa, o especialista do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal explicou à Wilder o que fazer para conseguir boas fotografias destes insectos rápidos e irrequietos.

A incursão pelos arbustos, relvados e zonas com água à beira do rio Tejo aconteceu ao final de uma manhã solarenga, na semana passada. Material? Câmara fotográfica, uma rede para capturar insectos e uma mochila com equipamento fotográfico e frascos para guardar espécimes. E tempo.

Aqui ficam as dicas:

Material adequado à prática:

 

 

O sucesso da fotografia de libélulas depende em grande medida do material. “Os insectos não permitem aproximar-nos muito. Por isso, o melhor é ter uma boa câmara e uma objectiva que permita fazer essa aproximação”, explica Albano. O ideal é ter uma lente de grande proximidade, que permita 200 a 300 milímetros de aproximação, a 90 centímetros. “Temos sempre de saber jogar com o material que temos.”

 

Focagem manual:

 

 

Não é necessário que assim seja, mas Albano trabalha dando preferência à focagem manual. “Assim foco o que quero.” Além disso, é preciso ter algumas noções de abertura, velocidade e isometria, tendo em conta a lente que estamos a usar.

 

Saber onde estão as libélulas:

 

Libélula-de-nervuras-vermelhas, Jardim da Amália. Foto: Albano Soares

 

É crucial saber onde encontrar os insectos. Albano Soares explica que as libélulas preferem clareiras com Sol, com sítios para pousar e um corredor onde passam outros insectos que podem caçar. É melhor procurá-las nas horas de maior calor, por exemplo a partir do meio da manhã. A libélula de nervuras vermelhas é óptima para principiantes, já que permite alguma aproximação e existem imensas, “estão em todo o lado”. Por via das dúvidas, para quem está a começar o melhor é “fotografar tudo aquilo que encontrar”.

 

Prever o que as libélulas vão fazer:

 

 

Um bom fotógrafo de natureza tem curiosidade em relação ao mundo natural e gosta de saber como este funciona. Albano sugere que dedique algum tempo a observar as libélulas e a estudar os seus hábitos e comportamentos. “É preciso tempo e é importante sabermos o que elas vão fazer a seguir.” Até porque é muito interessante “conseguir captar o comportamento natural do bicho”. Por exemplo, Albano adora “fotografar libélulas em voo, porque o voo é a sua essência”.

 

Tirar fotografias de vários ângulos:

 

Tira-olhos-outonal, Parque das Nações. Foto: Albano Soares

 

Além de fotografar a libélula, o objectivo é também conseguir identificar a espécie a que pertence. Albano tira várias fotografias ao mesmo animal, de ângulos diferentes. “Tento incidir nos aspectos que permitem identificar a espécie, sejam eles as asas, o abdómen, tórax ou a cabeça.” Por isso, faz fotografias laterais e dorsais.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Espreite os bastidores deste trabalho e venha connosco à procura de libélulas com Albano Soares.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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