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Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ/arquivo

Fogo obriga a evacuar dois centros de lince-ibérico no espaço de um ano

08.08.2018

Pela segunda vez em pouco mais de um ano, as chamas voltam a ameaçar um centro de reprodução de lince-ibérico, espécie Em Perigo de extinção. No final de Junho, foi El Acebuche, na Andaluzia, que se viu obrigado a uma evacuação de emergência.

 

O Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves, terá de retirar 29 linces das suas instalações, perante a aproximação de uma frente do incêndio que começou em Monchique a 3 de Agosto.

Há um ano, no final de Junho, El Acebuche (no Parque Nacional de Doñana, na Andaluzia), com 20 animais, foi ameaçado pelo incêndio que tinha deflagrado no município andaluz de Moguer (Huelva).

“No tempo em que foi possível trabalhar antes de abandonar definitivamente o centro de reprodução foi possível retirar nove animais adultos (cinco machos e quatro fêmeas) e cinco crias”, segundo um comunicado divulgado então pelo centro de reprodução andaluz. Entre estes animais, o centro lamentava a morta da fêmea Homer, “provavelmente devido ao stress sofrido durante a sua captura e o transporte”.

Para trás ficaram 13 linces adultos, por não ter havido mais tempo. Nesta situação, o centro seguiu o protocolo e as portas dos cercados onde estavam os animais foram abertas, para poderem sair por si próprios.

Um dia depois, os animais retirados do centro foram devolvidos aos cercados. E dos 13 linces que tinham ficado, apenas dois estavam desaparecidos: Aura e Fran. A estratégia de recaptura consistiu na colocação de várias jaulas armadilhadas e câmaras de foto-armadilhagem na envolvência de El Acebuche. Vários dias depois, os animais acabaram por ser recuperados.

Hoje, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) decidiu evacuar o CNRLI, situado na Herdade das Santinhas, Silves.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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