O Reino Unido deu esta terça-feira um passo decisivo para banir totalmente os micro-esferas de plástico em cosméticos e produtos de higiene pessoal, proibindo o uso destes microplásticos no processo de fabrico.
A partir de Julho, a lei que entrou agora em vigor proíbe também a comercialização destes produtos, como é o caso de exfoliantes e de pastas de dentes que contêm pequenos grãos de plástico entre os seus ingredientes, indica uma notícia do The Guardian.
O objectivo do Governo britânico, com esta proibição que estava prometida desde Setembro de 2016, é diminuir a quantidade de micro-plásticos que desaguam hoje em dia nos oceanos, uma vez que são demasiado pequenos para serem contidos pelos sistemas de tratamento de esgotos. Não só afectam a vida selvagem, como podem acabar ingeridos por humanos.
O jornal britânico lembra que investigações recentes estimaram que um total de cinco biliões de peças de plástico andam a flutuar nos mares de todo o mundo, das quais uma pequena parte é composta por microplásticos – partículas com menos de cinco milímetros – como estes dos produtos cosméticos.
“A nossa proibição de micro-esferas entra hoje em vigor. Vai impedir milhares de milhões de peças de plástico de entrarem no nosso ecossistema, ajudando a proteger os nossos mares e oceanos preciosos”, disse Theresa May, chefe do Governo britânico, no Twitter.
As garrafas de plástico poderão ser o próximo alvo. Em cima da mesa está uma proposta de deputados do Parlamento britânico, para a criação de um sistema de pagamentos para quem entregar estas garrafas para reciclagem, acrescenta o The Guardian.
Mas apesar de serem medidas aplaudidas por muitos ambientalistas, há também quem considere que é necessário ir mais longe.
“Infelizmente, esta proibição não cobre uma longa lista de produtos, tais como protectores solares, batons e tintas, e é claro que as micro-esferas são apenas uma parte do enorme problema de poluição por plásticos que enfrentamos hoje em dia”, disse Julian Kirby, da associação Friends of the Earth, citada pela BBC.
A decisão britânica surge na sequência de medidas semelhantes tomadas pelos Estados Unidos, em 2015. Em Junho passado, também a ministra sueca do Ambiente, Karolina Skog, anunciou a proibição da venda de cosméticos com microplásticos na sua composição.
Em Portugal, a Quercus exigiu em Novembro que o Governo avance com a proibição de micro-esferas de plástico em cosméticos e produtos de higiene pessoal, a partir de 2021.
“O grande problema destas partículas é que elas não ameaçam apenas a biodiversidade marítima, mas, como entram na cadeia alimentar dos animais, entram na cadeia alimentar dos humanos, podendo colocar a nossa saúde em risco. As micropartículas de plástico encontram-se no sal, algas, peixes e aves”, lembrava a associação, numa nota divulgada.
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