O Governo mexicano anunciou ontem três milhões de dólares (2,8 milhões de euros) para lançar um plano de emergência para tentar evitar a extinção da vaquita marinha, o mamífero marinho mais ameaçado do planeta. Restam apenas 30 animais em todo o mundo.
A vaquita marinha (Phocoena sinus), mais pequena que um golfinho, está a desaparecer rapidamente. Há 20 anos seriam, pelo menos, 600. Hoje existem menos de 30 animais em todo o mundo, fazendo deste o mamífero marinho mais ameaçado do planeta. Segundo a Lista Vermelha da União Internacional da Conservação da Natureza (UICN) está classificada como Criticamente em Perigo.
A maior ameaça são as redes de pesca ilegal no único local onde vivem, uma zona limitada do Alto Golfo da Califórnia. Na semana passada, duas vaquitas marinhas foram encontradas mortas.
O plano Vaquita CPR (Conservação, Protecção e Recuperação), liderado pelo Governo mexicano e nas mãos de um consórcio internacional, quer implementar um plano de emergência para tentar salvar a espécie. Uma das principais medidas é “levar alguns exemplares desta espécie para um santuário temporário onde se possam reproduzir de maneira segura”, sem cair nas redes de pesca ilegal, explica o Ministério mexicano do Ambiente em comunicado.
Além da reprodução num santuário, o plano prevê também medidas para “eliminar a ameaça das redes e da pesca ilegal na zona”.
“Estamos a ver esta preciosa espécie nativa desaparecer mesmo à nossa frente”, comentou Rafael Pacchiano, secretário de Estado mexicano para o Ambiente e Recursos Naturais, num comunicado da Fundação Nacional para os Mamíferos Marinhos. “Este esforço crucial é uma prioridade para o Governo mexicano.”
Os trabalhos vão começar em Maio, “porque a tranquilidade do mar nessa época do ano favorecerá a localização dos animais”, explica o comunicado do ministério mexicano. No entanto, nada está garantido. Os peritos admitem não conseguir prever qual será o comportamento das vaquitas no momento da busca, captura e manutenção num santuário temporário.
Segundo Sam Ridgway, presidente da Fundação Nacional de Mamíferos Marinhos, os conservacionistas e a comunidade científica reconhecem os riscos mas o dever de agir motiva-os a aliar os seus conhecimentos a esta experiência colectiva, que reúne 12 organizações internacionais de conservação de mamíferos marinhos, Governo mexicano e cientistas. “Peritos de todo o mundo juntaram-se e estão a trabalhar juntos para salvar a vaquita, como o fizeram os conservacionistas que salvaram o condor da Califórnia da extinção nos anos 80”, disse Ridgway.
“O desafio é tremendo”, comentou Jeff Boehm, director-executivo do Centro para os Mamíferos Marinhos, citado ontem num comunicado da Fundação Nacional de Mamíferos Marinhos mexicana. “A forma como responderemos a esta emergência dirá o que somos enquanto sociedade. Define precedentes.” Boehm apela à sociedade civil para contribuir com donativos, porque o financiamento do Governo serve apenas para lançar a primeira fase do plano. “São precisos mais donativos para garantirmos cuidados veterinários, a manutenção dos funcionários e equipamentos”, exemplificou.
Uma das instituições que respondeu ao apelo foi a Associação de Zoos e Aquários (AZA), que anunciou fundos adicionais para ajudar a vaquita marinha.