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Raquel Lopes quer que todos conheçam as árvores monumentais portuguesas

05.01.2016

Em Portugal Continental, há 470 árvores e 82 conjuntos de árvores classificados como de interesse público, apurou Raquel Lopes, bióloga da Unidade de Aveiro. A investigadora está a fazer um levantamento da informação e divulgação deste património e quer dá-lo a conhecer ao público em geral.

 

Em causa estão árvores e conjuntos de arvoredo que são considerados monumentos vivos, o que pode acontecer por diversas razões. Pela idade centenária ou mesmo milenar, por exemplo, ou também pelo tamanho gigantesco ou pela forma que adquiriram, fora do comum.

O objectivo da bióloga da Universidade de Aveiro, que está a realizar este trabalho no âmbito de um doutoramento, é construir uma base de dados com o levantamento da informação que tem vindo a recolher e divulgar a história destas árvores monumentais.

“Não nos podemos esquecer que as árvores monumentais são testemunhas vivas de acontecimentos histórico-culturais, constituem uma memória de hábitos, costumes, lendas e tradições, valorizam a paisagem e o património edificado e representam um elemento diferenciador e identitário de todo um povo e de uma região que importa preservar”, sublinha.

Um desses exemplos é a oliveira mais antiga em território português, localizada em Santa Iria de Azoia (concelho de Loures), que conta actualmente com 2.850 anos. Já em Coimbra, encontra-se a árvore mais alta da Europa: um eucalipto da Mata Nacional de Vale de Canas, com 72 metros de altura. E no Norte, em Vila Pouca de Aguiar, está classificado um carvalho com 500 anos.

No entanto, o estatuto de monumento dado pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas não é uma garantia para a conservação destas árvores, ressalva a bióloga, que refere que muitas “são votadas ao abandono ou sofrem atos de vandalismo ou negligência por desconhecimento”.

Doenças, pragas, podas não autorizadas e incêndios são outras ameaças à sobrevivência desses monumentos, aponta a bióloga.

Além disso, há ainda muito trabalho a fazer no campo da classificação, pois 131 dos 278 concelhos de Portugal Continental, ou seja, quase metade, “não apresenta qualquer exemplar arbóreo classificado”.

Assim, além de recolher toda a informação disponível sobre o arvoredo de interesse público em Portugal Continental, analisando o estado em que se encontram estes exemplares, Raquel quer também averiguar sobre outros possíveis candidatos merecedores da mesma classificação.

Trabalhar com as autarquias é outro dos objectivos do projecto, que inclui a aplicação de um questionário a 100 municípios da Região de Turismo do Centro, sobre as estratégias de comunicação que praticam quanto às árvores monumentais. A ideia é também propor novas abordagens.

Raquel está aliás a desenvolver algumas acções de promoção, informação e divulgação deste património natural, em conjunto com autarquias. Em cima da mesa está, por exemplo, a constituição de roteiros botânicos.

“Só cidadãos informados poderão ser corresponsáveis pela salvaguarda do património arbóreo monumental, no exercício da sua função participativa”, salienta a bióloga.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Se desejar encontrar as árvores monumentais portuguesas da sua região, pode procurar na base de dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, aqui.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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