Um fotógrafo, duas espécies, dois prémios internacionais. Nuno Sá mergulhou de cabeça na fotografia subaquática há mais de uma década e, no mês passado, soube que venceu dois concursos que celebram a beleza dos oceanos.
Os tubarões primeiro. Nuno Sá, 37 anos, fotografou este tubarão-azul em específico nas águas do arquipélago dos Açores. Com a imagem venceu o Bronze na categoria “Wide Angle Traditional” da 10ª edição do prémio internacional “Our World Underwater 2015”.
O nome escolhido para a fotografia é “Dome scratcher”, mas para a imagem ficar completa, faria falta uma legenda. “Apesar do que o seu aspecto possa deixar imaginar, gostaria que ficasse bem claro que este tubarão não faz mal a uma mosca”, conta-nos Nuno Sá, em Lisboa, dias depois do anúncio dos prémios no festival em Chicago (27 de Fevereiro a 1 de Março).
O tubarão-azul já tinha dado outras distinções ao fotógrafo português especializado em vida selvagem marinha e fotógrafo profissional desde 2004. Como por exemplo o primeiro prémio da categoria “Grande Angular” do Epson World Shootout Underwater Photo Grand Prix 2011. Ou ainda a distinção de “alto louvor” no concurso Wildlife Photographer of the Year 2011, com a imagem “Racing Blue”.
E agora, os cavalos-marinhos. Outra espécie, outro prémio. O perfil de um cavalo-marinho deu a Nuno Sá o primeiro prémio no concurso “Underwater Photographer of the Year 2015”.
A fotografia “50 Tons of Me” acabou por ser distinguida pelo júri de entre 2500 imagens, vindas de 40 países. A cerimónia de entrega dos prémios aconteceu a 14 de Fevereiro no London International Dive Show.
“Esta fotografia foi feita na Ria Formosa, no Algarve, onde passei dez dias a mergulhar para uma reportagem que estava a fazer para a revista ‘National Geographic Portugal’ sobre a maior população de cavalos-marinhos do mundo”, diz o fotógrafo. “Esta é uma história incrível”, acrescenta. Na edição da revista de Março de 2011, Nuno Sá escreveu: “Durante um mergulho, consegue-se regularmente encontrar entre 15 e 20 cavalos-marinhos: os mais abundantes, H. Guttulatus, geralmente dissimulados em zonas de algas com as suas caudas enroladas em zosteras, e os pequenos H. Hippocampus, mais comuns, em zonas abertas de fundo misto de areia e conchas”.
Um dos júris do prémio, Martin Edge, achou que a fotografia tem uma composição simples mas muito eficaz. “O que me atrai para esta imagem é a discreta qualidade da luz e sombra, graças à subtil utilização do flash. É como se a luz viesse de dentro”.
Mas nem tudo é beleza quando falamos de cavalos-marinhos. Entre 2001 e 2009, as populações da Ria Formosa registaram um declínio de 85%, segundo a Universidade do Algarve e o projecto Sea Horse.
E agora, qual a próxima meta? Nuno Sá diz que gostaria de levar para casa o primeiro prémio do Wildlife Photographer of the Year, depois de já ter sido distinguido em duas categorias em 2008 e 2011.