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Nuno Sá, o tubarão-azul e o cavalo-marinho

10.03.2015

Um fotógrafo, duas espécies, dois prémios internacionais. Nuno Sá mergulhou de cabeça na fotografia subaquática há mais de uma década e, no mês passado, soube que venceu dois concursos que celebram a beleza dos oceanos.

Os tubarões primeiro. Nuno Sá, 37 anos, fotografou este tubarão-azul em específico nas águas do arquipélago dos Açores. Com a imagem venceu o Bronze na categoria “Wide Angle Traditional” da 10ª edição do prémio internacional “Our World Underwater 2015”.

O nome escolhido para a fotografia é “Dome scratcher”, mas para a imagem ficar completa, faria falta uma legenda. “Apesar do que o seu aspecto possa deixar imaginar, gostaria que ficasse bem claro que este tubarão não faz mal a uma mosca”, conta-nos Nuno Sá, em Lisboa, dias depois do anúncio dos prémios no festival em Chicago (27 de Fevereiro a 1 de Março).

O tubarão-azul já tinha dado outras distinções ao fotógrafo português especializado em vida selvagem marinha e fotógrafo profissional desde 2004. Como por exemplo o primeiro prémio da categoria “Grande Angular” do Epson World Shootout Underwater Photo Grand Prix 2011. Ou ainda a distinção de “alto louvor” no concurso Wildlife Photographer of the Year 2011, com a imagem “Racing Blue”.

E agora, os cavalos-marinhos. Outra espécie, outro prémio. O perfil de um cavalo-marinho deu a Nuno Sá o primeiro prémio no concurso “Underwater Photographer of the Year 2015”.

 

Fotografia: Nuno Sá
Fotografia: Nuno Sá

 

A fotografia “50 Tons of Me” acabou por ser distinguida pelo júri de entre 2500 imagens, vindas de 40 países. A cerimónia de entrega dos prémios aconteceu a 14 de Fevereiro no London International Dive Show.

“Esta fotografia foi feita na Ria Formosa, no Algarve, onde passei dez dias a mergulhar para uma reportagem que estava a fazer para a revista ‘National Geographic Portugal’ sobre a maior população de cavalos-marinhos do mundo”, diz o fotógrafo. “Esta é uma história incrível”, acrescenta. Na edição da revista de Março de 2011, Nuno Sá escreveu: “Durante um mergulho, consegue-se regularmente encontrar entre 15 e 20 cavalos-marinhos: os mais abundantes, H. Guttulatus, geralmente dissimulados em zonas de algas com as suas caudas enroladas em zosteras, e os pequenos H. Hippocampus, mais comuns, em zonas abertas de fundo misto de areia e conchas”.

Um dos júris do prémio, Martin Edge, achou que a fotografia tem uma composição simples mas muito eficaz. “O que me atrai para esta imagem é a discreta qualidade da luz e sombra, graças à subtil utilização do flash. É como se a luz viesse de dentro”.

Mas nem tudo é beleza quando falamos de cavalos-marinhos. Entre 2001 e 2009, as populações da Ria Formosa registaram um declínio de 85%, segundo a Universidade do Algarve e o projecto Sea Horse.

E agora, qual a próxima meta? Nuno Sá diz que gostaria de levar para casa o primeiro prémio do Wildlife Photographer of the Year, depois de já ter sido distinguido em duas categorias em 2008 e 2011.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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