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Foto: Andreas Trepte

Conheça qual é a Ave do Ano 2017 em Portugal

01.03.2017

Esta espécie de corvo-marinho que, com o seu pescoço comprido e curvado, se assemelha a um galheteiro, foi escolhida como a Ave do Ano 2017 para Portugal.

 

O anúncio foi feito hoje pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), que com esta campanha quer “dar a conhecer esta ave marinha”, que ocorre ao longo de todo o ano na costa continental portuguesa, indica a associação, numa nota enviada à Wilder.

A plumagem da galheta (Phalacrocorax aristotelis) é escura com reflexos esverdeados, os olhos são verde-esmeralda e o pescoço e bico são compridos.

 

Foto: Andreas Trepte

 

 

Em Portugal, esta ave está classificada como Vulnerável, em termos de conservação, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Todavia, quase nada se sabe hoje sobre a população actual, uma vez que o último censo foi realizado em 2002, lembra a SPEA. Nessa altura, estimou-se a ocorrência em Portugal de 100 a 150 casais reprodutores.

É no período de reprodução, que acontece entre Janeiro e Julho, que estas aves mais chamam a atenção, pois apresentam uma pequena crista junto à testa. Quanto aos juvenis, são de cor castanha, que se espalha de forma uniforme no peito, barriga, pescoço e garganta.

 

Foto: Des Colhoun/Wiki Commons

 

As ilhas Berlengas são a principal colónia reprodutora desta espécie em território português, onde se estima uma população de 75 casais, “com um ligeiro decréscimo a curto e longo prazo”, de acordo com dados de 2015.

“A galheta é uma exímia pescadora, localiza os peixes enquanto nada à superfície, capturando-os em mergulhos que podem durar mais de três minutos e que vão até algumas dezenas de metros de profundidade”, descreve a SPEA.

Já depois de saírem da água, estas aves ficam “molhadas até à pele” e têm de secar ao sol, de asas abertas durante muito tempo. É habitual ver grupos de galhetas nesta situação, por exemplo, na chamada Nau dos Corvos, no Cabo Carvoeiro (Peniche).

Algumas das artes de pesca, em especial a rede de emalhar, são hoje uma das principais ameaças para esta espécie, devido aos hábitos destas aves no mar.

Com o objectivo de conhecer melhor quais são os locais onde as galhetas que se reproduzem nas Berlengas se alimentam, uma equipa do projecto LIFE Berlengas, coordenado pela SPEA, está a marcar algumas das aves com instrumentos de geolocalização, que transmitem os dados através da rede móvel.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Acompanhe o dia-a-dia de um casal de galhetas e da sua prole, em directo da ilha da Berlenga, através de uma câmara instalada pela SPEA num dos ninhos existentes, aqui.

Entre Fevereiro e Abril são postos os ovos, entre 1 e 6, e a incubação é levada a cabo por ambos os progenitores durante cerca de 33 dias. Ao fim de 2 meses, os juvenis começam a abandonar os ninhos, ficando ainda dependentes dos pais e juntando-se em pequenos grupos no mar, não muito longe dos seus ninhos, explica a associação.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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