Dez águias-reais (Aquila chrysaetos) serão libertadas na natureza no Sul da Escócia a partir de 2018, na esperança de que voem para Sul e se estabeleçam no Norte de Inglaterra, de onde desapareceram.
Segundo avança hoje o jornal britânico The Guardian, as aves vão ser libertadas numa localização secreta a Sul de Edimburgo, no âmbito do “South of Scotland Golden Eagle Project”, que junta conservacionistas e proprietários. O grande objectivo é recuperar a população de águia-real naquela região.
O plano, que recebeu um financiamento de 1,4 milhões de euros do Heritage Lottery Fund, prevê que as jovens águias sejam libertadas todos os Outonos durante os próximos cinco anos na região montanhosa de Moffat. Cada ave levará um dispositivo de geolocalização que vai permitir aos ornitólogos acompanhar as suas viagens e comportamentos.
As águias-reais desapareceram do Norte de Inglaterra e do País de Gales depois de décadas de perseguição humana, pelo aumento das florestas de coníferas para fins comerciais e por falta de alimento.
Especialistas da organização Royal Society for the Protection of Birds (RSPB), um parceiro do projecto, lembram que muitas aves de rapina têm muitas dificuldades em sobreviver no Norte da Inglaterra por causa de venenos, abate ilegal e perturbação de ninhos por gestores de reservas de caça que querem proteger espécies como o faisão e a perdiz.
“As águias-reais são a espécie mais icónica da Escócia e este projecto vai garantir que mais de nós possam ver estas aves magníficas a cruzar os céus do Sul da Escócia”, comentou hoje ao jornal The Independent Mark Oddy, responsável do South of Scotland Golden Eagle Project.
“Esta missão não é apenas sobre aves mas também sobre pessoas. Nos próximos meses vamos continuar a trabalhar de perto com as pessoas que vivem e trabalham no Sul da Escócia para que todos possam fazer parte deste projecto.”
Actualmente, a região Sul da Escócia tem apenas dois a quatro casais reprodutores mas a região suporta entre 10 a 16 casais, segundo os especialistas. Este projecto prevê que, aumentando esta população, as aves possam expandir-se e repovoar o Norte de Inglaterra.
Em Portugal, esta águia está classificada como espécie Em Perigo, com cerca de 60 casais, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005). Nessa altura, esta águia residente no país, vivia nas serras do Noroeste, serras do Alvão e Marão, Alto Douro e Nordeste Transmontano, Alto Tejo e Bacia do Guadiana.