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Fotografias de Luís Quinta captam vida secreta das ondas frente a Almada

30.06.2017

A exposição “Sinfonia de Neptuno”, inaugurada este mês no Fórum Municipal Romeu Correia em Almada, mostra a sensibilidade criativa de Luís Quinta, fotógrafo de natureza que quer mostrar como as ondas da frente Atlântica de Almada nos podem surpreender. A Wilder falou com o fotógrafo sobre a exposição que poderá ver até 31 de Julho.

 

Esta colecção de 30 fotografias mostra, através do olhar de Luís Quinta, como as ondas não têm necessariamente de ser comuns e banais e revela os seus segredos.

 

 

Apesar de trabalhar regularmente para documentar o mundo natural, desta vez “a captação de imagens foi realizada de uma forma muito subjectiva e intimista”, explicou hoje à Wilder. “Uma pessoa que olha para muitas destas imagens não vê ondas (…). Estas composições só são possíveis porque a câmara fotográfica pôde captar a imagem durante um segundo, meio-segundo. Arrastando os motivos, fundindo as cores, sombras, luz, entre outros elementos.” Por isso, “cada momento de uma onda é único, irrepetível e fugaz… É impossível fazer cópias destas fotografias”.

Estas imagens foram conseguidas graças a uma nova abordagem técnica de fotografia de ondas que Luís Quinta começou a testar em 2012. “Os resultados inspiraram-me a continuar a trabalhar este assunto. Aos meus olhos, estas fotografias revelavam um potencial enorme.”

 

 

Desde então, o fotógrafo então afinou técnicas, estudou as objectivas que funcionavam melhor em cada ocasião, que tipo de mar, luz e que locais eram mais propícios para os resultados que procurava.

A captação de imagens para a exposição durou três anos. “Ainda continuo a trabalhar o tema, mas com muito menos intensidade. É viciante este tipo de fotografia. Sinto que posso ir mais “fundo”, fazer mais imagens interessantes, cativantes. Quem sabe se daqui a uns anos não há uma segunda versão deste trabalho?”

 

 

A frente Atlântica de Almada é um tema que despertou a atenção deste fotógrafo de natureza. Na sua opinião, “tem um potencial enorme, quer em termos de biodiversidade, quer em termos de abordagens estéticas, documentais e culturais”.

Além disso, como mora na Costa da Caparica, afirma não poder ficar indiferente ao que tem à porta de casa. “Posso viajar pelo mundo e fascinar-me com animais, paisagens e gentes de inúmeros países, mas não posso ficar indiferente ao potencial que tenho a dois passos da minha casa. Ver todas estas dimensões ajuda a valorizar o que observo pelo resto do planeta. Ou à porta de casa.”

Para Luís Quinta, as ondas deste mar são motivo de fascínio por si só. Nesta colecção de 30 imagens, há fotografias “que estão 100% dentro do que procurava”, quanto à “subjectividade, contraste de cores, dinâmica, movimento, alienação do assunto e local”.

 

 

Para este trabalho, Luís Quinta inspirou-se nas imagens de ondas captadas por outros fotógrafos e em pintores do passado. “Observei muito o trabalho do William Turner. Tem quadros inspiradores… Fiquei motivado pelas tonalidades, pelos ambientes que retractou.”

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça o trabalho deste fotógrafo de natureza no seu blog Notas do Campo

Esta exposição patente no Fórum Romeu Correia em Almada de 20 de Junho a 31 de Julho contou com os apoios da EPSON Portugal e da Câmara Municipal de Almada. Todas as imagens foram impressas no laboratório Fineprint sobre o papel EPSON Colt Press 310gr.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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