Borboleta bela-dama (Vanessa cardui). Foto: Vera Buhl/Wiki Commons

Leitores: Ana Guedes ficou curiosa quanto às viagens de uma borboleta bela-dama

28.02.2025

A leitora da Wilder Ana Guedes encontrou uma borboleta bela-dama no chão e ficou curiosa quanto às viagens que esta viajante exímia terá feito. Albano Soares dá uma ajuda.

 

“Há sete dias encontrei uma borboleta no chão, a qual recolhi e tenho alimentado com água e açúcar e sumos (usando esponja). É bastante colaborante e sobe para a minha mão para comer. Descobri que é uma Vanessa cardui e que é uma viajante exímia”, escreveu a leitora à Wilder.

“Só fiquei na dúvida do porquê de se encontrar em Portugal em Fevereiro. Terá vindo de África? Fiquei muito curiosa de qual terá sido o seu percurso até se ter cruzado comigo. Se me puderem ajudar a esclarecer, agradeço. Estaria a caminho da Suécia? Tem estado pacificamente numa caixa de sapatos do Ikea (aquelas de tecido, com porta de rede) e está quase sempre parada. Quando a ponho ao sol, abre as asas. Depois de comer também faz uma micro vibração das asas.”

“Sei que vai durar pouco, as asinhas já não estão inteiras como quando a recolhi mas ao menos vai poder partir em paz e em conforto. Gostei muito dos vossos artigos sobre esta espécie.”

Segundo Albano Soares, entomólogo da Rede de Estações da BiodiversidadeTagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, “a Vanessa cardui é, realmente, uma espécie que faz regularmente movimentos migratórios de sul para norte. Esses movimentos podem acontecer em qualquer altura do ano”.

“Não sabemos exactamente a amplitude dessas migrações, mas sabemos que a espécie se reproduz em Portugal também em qualquer altura do ano e esse exemplar pode mesmo ter eclodido de posturas feitas cá.”

“Quanto ao destino dessas migrações, também pouco sabemos. Temos conhecimento que são regularmente avistados, no norte e centro da Europa, exemplares que pela altura do ano só podem ter vindo de sul…”

 

Saiba aqui o que a Ciência está a descobrir sobre as viagens destas borboletas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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