A leitora da Wilder Ana Guedes encontrou uma borboleta bela-dama no chão e ficou curiosa quanto às viagens que esta viajante exímia terá feito. Albano Soares dá uma ajuda.
“Há sete dias encontrei uma borboleta no chão, a qual recolhi e tenho alimentado com água e açúcar e sumos (usando esponja). É bastante colaborante e sobe para a minha mão para comer. Descobri que é uma Vanessa cardui e que é uma viajante exímia”, escreveu a leitora à Wilder.
“Só fiquei na dúvida do porquê de se encontrar em Portugal em Fevereiro. Terá vindo de África? Fiquei muito curiosa de qual terá sido o seu percurso até se ter cruzado comigo. Se me puderem ajudar a esclarecer, agradeço. Estaria a caminho da Suécia? Tem estado pacificamente numa caixa de sapatos do Ikea (aquelas de tecido, com porta de rede) e está quase sempre parada. Quando a ponho ao sol, abre as asas. Depois de comer também faz uma micro vibração das asas.”
“Sei que vai durar pouco, as asinhas já não estão inteiras como quando a recolhi mas ao menos vai poder partir em paz e em conforto. Gostei muito dos vossos artigos sobre esta espécie.”
Segundo Albano Soares, entomólogo da Rede de Estações da Biodiversidade, Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, “a Vanessa cardui é, realmente, uma espécie que faz regularmente movimentos migratórios de sul para norte. Esses movimentos podem acontecer em qualquer altura do ano”.
“Não sabemos exactamente a amplitude dessas migrações, mas sabemos que a espécie se reproduz em Portugal também em qualquer altura do ano e esse exemplar pode mesmo ter eclodido de posturas feitas cá.”