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Fernando está a listar as espécies selvagens de Vila do Conde

26.01.2018

Há dois anos, Fernando Ferreira começou a fazer um catálogo das espécies selvagens de Vila do Conde. Hoje este fotógrafo naturalista amador já tem mais de 200 registos. A Wilder conta-lhe a sua história.

 

Fernando Ferreira, 42 anos, encontrou o escape para ultrapassar uma série de problemas na vida no registo da natureza onde mora, Malta/Canidelo (concelho de Vila do Conde), através da fotografia.

“Só me sinto bem no meio da natureza, a fotografar”, contou Fernando, técnico de Informática actualmente desempregado, à Wilder.

 

 

Sempre se interessou pela fotografia e pela Natureza. “A fotografia analógica nunca foi uma possibilidade porque nunca tive capacidade financeira para o poder fazer. Com a fotografia digital tudo mudou e ficou mais fácil para mim”. Em 2015 comprou uma câmara digital compacta básica que lhe permitiu começar a fazer o que sempre teve em mente: o registo da Natureza, principalmente a Fauna no concelho de Vila do Conde. “Não tenho formação na área da fotografia e o equipamento é muito básico. Todo o meu trabalho é autodidacta.”

 

 

Hoje tem dois filhos e o seu dia começa cedo. “Se não tiver que tratar dos meus filhotes saio de manhã muito cedo para registar tudo o que posso e que encontro”, contou. “Nunca saio com nada planeado, nem gosto de ir fotografar para parques, abrigos ou os chamados de spots pelos profissionais da área. Gosto de ir à aventura e o que encontrar, encontrei.”

 

 

À tarde vê os registos que fez e começa a pesquisar e a identificar as espécies que conseguiu fotografar. “Geralmente recorro a sites da especialidade – como o Naturdata, Wilder, Tagis, etc – ou a Grupos do Facebook, como o Artrópodes em Portugal, Lepidoptera (Borboletas) em Portugal, Mamíferos de Portugal em Estado Selvagem, Anfíbios e Répteis de Portugal – Divulgar e proteger, etc.”

 

 

Até ao momento já tem mais de 200 registos de espécies diferentes. “Tenho registos de anfíbios, répteis, aves, mamíferos, insectos, moluscos, peixes e alguns registos da flora existente aqui no concelho”, explicou. Números certos são difíceis de obter. “Ainda estou a tentar fazer uma listagem, mas infelizmente tenho um computador muito antigo e a velocidade da Internet muito lenta, o que me tem dificultado em muito o trabalho que estou a fazer.”

 

 

Mas a paixão que tem pela Natureza e pela fotografia ajudam-no a continuar este projecto que, até agora, tem sido voluntário.

“A biodiversidade de Vila do Conde é enorme e rica e é uma pena que não esteja devidamente documentada.”

 

 

Para mudar este estado de coisas, Fernando Ferreira reuniu-se com o presidente da União de freguesias de Malta/Canidelo e ambos chegaram à conclusão que estes registos da natureza “eram uma mais valia para o concelho de Vila do Conde e que não se deviam perder”.

 

 

Assim, desde Novembro de 2017, o site da União de freguesias de Malta/Canidelo passou a ter uma área dedicada aos registos da Fauna e Flora de Fernando Ferreira.

Para o futuro, este naturalista “gostava de fazer parte de um projecto ligado à Natureza e, se possível, à fotografia e claro ganhar um ordenado para poder proporcionar uma vida melhor aos meus filhos”.

 

 

Para já, o seu objectivo é mostrar à população de Vila do Conde as espécies que tem registado ao longo dos últimos dois anos. “Gostava de dar a conhecer a todos, principalmente aos nossos jovens, os tesouros naturais e selvagens que temos à nossa porta e que temos a obrigação de preservar.”

 

 

E já tem várias ideias. “Gostava de fazer exposições em escolas, em juntas de freguesias e câmaras, onde fosse possível divulgar todos estes registos de forma pedagógica e educativa.” E, um dia, talvez registar os seus chapins, ouriços-cacheiros e libélulas num livro.

 

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça as espécies de Vila do Conde que Fernando Ferreira já registou e acompanhe o seu trabalho, em fotografia:

Facebook
Olhares
Instagram
Twitter
Flickr

… e em vídeo.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Faça listas de espécies da área onde mora. Para o ajudar preparámos o “Guia para registar a vida selvagem à sua porta” (pdf disponível aqui).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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