Cerca de 40 voluntários recolheram 1.630 embalagens vazias de sal, usadas por mariscadores para apanhar lingueirão, e 800 quilos de lixo no sábado passado em duas praias do estuário do Sado, no segundo dia de uma campanha da Ocean Alive.
A campanha regressou ao estuário do Sado a 9 de Abril, dia de uma das maiores marés do ano. Segundo explica a Ocean Alive, esta maré “retira mais lixo da praia para o mar” e “é uma maré que atrai mais mariscadores do que é comum”.
No sábado, 36 voluntários ajudaram a sensibilizar 35 mariscadores e retiraram das praias da Gazlimpo e das Pirites um total de 800 quilos de lixo, como garrafas de plástico e vidro, embalagens de plástico, latas, sacos de plástico com lixo, roupas e sapatos velhos e caixas de esferovite da pesca.
Além disso foram recolhidas 1.630 embalagens de sal fino. Estas embalagens serão expostas “para mostrar o volume de lixo que este mau hábito deixa no mar e assim sensibilizar a população para este problema local”, explica a organização.
As centenas de embalagens de plástico de sal fino usadas para apanhar o lingueirão ou peixe-navalha (Solen marginatus) são um problema para o Sado e para a vida marinha se forem deixadas nas areias do estuário. Com o tempo, as embalagens vão-se deteriorar e transformar-se em pequenas partículas de plástico que acumulam poluentes tóxicos e que acabam por ser ingeridas por peixes, mariscos e golfinhos. Estas partículas – que vão persistir durante décadas ou séculos – “poderão ferir, asfixiar, causar úlceras ou a morte de animais marinhos”, salienta a organização Ocean Alive. Além disso, “parte das embalagens vem dar às praias de Setúbal, Tróia e Arrábida, constituindo também um risco para a saúde pública”.
No primeiro dia da campanha, a 25 de Março, foram recolhidos 900 quilos de lixo e 1.500 embalagens de sal fino vazias.
Ainda assim, lembra a Ocean Alive, “o lixo continua”. Por isso, a organização anunciou que a campanha irá continuar durante um ano. Em Maio será a vez de limpar Tróia.
A Ocean Alive é uma organização sem fins lucrativos que pretende “transformar comportamentos para a protecção do oceano, nomeadamente das pradarias marinhas do estuário, através da educação marinha e do envolvimento das comunidades costeiras locais”.