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Borboleta cauda-de-andorinha (Papilio machaon). Foto: Dino/Wiki Commons

Caderno de campo: 15 espécies para procurar na Primavera

28.04.2021

Estas são algumas das espécies que podemos observar durante a Primavera. Vamos procurar estas e outras espécies e anotá-las no Caderno de Campo Wilder, na tabela: o nome, a data e o local da observação.

Abelharuco (Merops apiaster):

Abelharuco (Merops apiaster). Foto: Wolfgang Vogt/Pixabay

Os abelharucos são das aves mais coloridas da nossa fauna e podem ver-se mais facilmente no Sul e Interior Centro do país. São mais fáceis de observar enquanto constroem os ninhos e na fase em que alimentam as crias, mas é necessário ter muito cuidado para não os perturbar na época de reprodução.

Segundo Joana Costa, cientista que tem trabalhado na investigação sobre estes aves migradoras, é comum observarmos abelharucos “perto de barreiras de areia, barro ou argila, situadas à beira de rios ou ribeiras, ou até em barreiras junto à estrada ou areeiros abandonados. Podemos observá-los a perseguir insectos em áreas abertas ou pousados nos fios eléctricos ou ramos de árvores.”

O nome comum destas aves, e também o nome científico apiaster, devem-se precisamente ao facto de comerem abelhas, entre outros insectos. Os abelharucos que observamos em Portugal costumam chegar entre o final de Março e o mês de Abril, depois de passarem o Inverno na África Ocidental, concluiu recentemente um grupo de cientistas que estudaram seu o voo.

Abelhão-comum (Bombus terrestris):

Abelhão-comum (Bombus terrestris). Foto: Alvesgaspar/Wiki Commons

Esta é uma das espécies de abelhões que podemos observar em Portugal e pode ser identificado pelas duas faixas amarelas vistosas e pelos pelinhos brancos que apresentam na extremidade. Os abelhões fazem parte do grupo das abelhas e vivem em colónias. São também importantes polinizadores.

As rainhas emergem no fim do Inverno e começam a fundar novas colónias de abelhões utilizando para isso buracos no subsolo, muitas vezes tocas de roedores abandonadas. Para isso, precisam de energia em abundância, pelo que podemos vê-las a alimentar-se de néctar nas flores, tendo particular preferência pelas flores da borragem. Quando já têm obreiras suficientes na colónia, são estas que passam a desempenhar esse papel.

Os abelhões-comuns estão muito ativos durante a manhã e final da tarde, evitando as horas de maior calor. São muitos os locais onde podemos ver esta espécie.

Andorinhões (Apus sp.):

Andorinhão-pálido (Apus pallidus). Foto: Bogbumper/Wiki Commons

É na Primavera que estas aves espantosas chegam ao território português, onde podemos observá-las em muitas localidades nos seus voos sobre os telhados – um dos locais preferidos para fazerem os ninhos – ao mesmo tempo que ouvimos os seus chamamentos agudos. O andorinhão-preto (Apus apus) e o andorinhão-pálido (Apus pallidus) são as espécies de andorinhão mais fáceis de observar e são muitas vezes confundidos com andorinhas, embora não sejam sequer parentes próximos.

Uma das características mais curiosas dos andorinhões é que passam praticamente toda a vida a voar, mesmo enquanto dormem. Na verdade, isso só não acontece na altura da nidificação, em que precisam de cuidar dos ovos e das pequenas crias. Estas últimas por vezes caem do ninho e precisam de ajuda. Se encontrar uma destas aves, o melhor a fazer é encaminhá-las o mais depressa possível para um dos centros de recuperação de animais selvagens do país.

Conheça três espécies de andorinhões em Portugal e aprenda como identificá-las.

Alvéola-amarela (Motacilla flava):

Alvéola-amarela (Motacilla flava). Foto: Dts3ds/Wiki Commons

Esta é uma das mais coloridas aves portuguesas. Os machos adultos têm uma plumagem amarela no peito e no ventre e a cabeça azulada. Nas fêmeas as cores são menos vivas e os juvenis são mais acastanhados.

“A chegada das primeiras alvéolas-amarelas representa, tal como a das andorinhas, um dos primeiros sinais de que a Primavera está próxima”, diz Gonçalo Elias, responsável pelo portal Aves de Portugal. Esta ave é um dos migradores estivais mais precoces. As primeiras alvéolas-amarelas chegam a Portugal ainda em Fevereiro, sobretudo na última semana, depois de passarem o Inverno na África subsariana.

Nidificam praticamente por toda a Europa, em ninhos no solo. É uma pequena taça feita de ervas”, explica Gonçalo Elias.

Em Portugal, este ornitólogo sugere como bons sítios para procurar esta ave “as terras baixas do Litoral, desde o Minho ao Algarve, nomeadamente junto a estuários, lagoas costeiras, ou grandes várzeas”. Aí, estas alvéolas frequentam sapais, arrozais, terrenos encharcados ou prados húmidos.

Borboleta cauda-de-andorinha (Papilio machaon):

Borboleta cauda-de-andorinha (Papilio machaon). Foto: Dino/Wiki Commons

Vistosa e inconfundível, a borboleta cauda-de-andorinha é uma das espécies que se podem ver um pouco por todo o país, mesmo nas cidades.

Logo depois de eclodirem, as lagartas desta espécie assemelham-se a um pequeno excremento de pássaro, evitando assim ser comidas. Passado algum tempo, depois de algumas mudas, ganham finalmente cores mais vistosas – em tons verdes, pretos e laranjas – que servem de aviso sobre o seu mau sabor. Alimentam-se das folhas tenras das arrudas (Ruta sp.) e de plantas da família Apiaceae, que inclui espécies como o funcho, a salsa e a cenoura.

Os adultos surgem três semanas depois da formação da crisálida, ou após os meses frios do Inverno.

Crias de pato-real (Anas platyrhynchos):

Crias de pato-real (Anas platyrhynchos). Foto: New Jersey Birds/Wiki Commons

Antepassado do pato doméstico, este é o pato mais comum em Portugal, onde é uma espécie residente – ou seja, mantém-se por aqui todo o ano. Segundo o “Guia de Aves” da autoria de Lars Svensson, os patos-reais reproduzem-se em parques, canais de cidades, lagos, charcas, entre outros locais.

Quase sempre o ninho é construído no chão, em sítios próximos da água e escondidos pela vegetação. A fêmea, de penugem acastanhada, utiliza materiais naturais para o local onde vai incubar os ovos – entre nove a 13 ovos, normalmente. As crias nascem quase um mês depois e começarão a voar passados cerca de 50 dias.

Descubra porque são os machos de pato-real mais coloridos do que as fêmeas.

Esteva (Cistus ladanifer):

Esteva (Cistus ladanifer). Foto: Alvesgaspar/Wiki Commons

A esteva é uma das flores típicas da paisagem mediterrânica que é incontornável para procurar na Primavera.

As estevas podem chegar até aos três metros de altura e enchem-se de grandes flores brancas entre Março e Maio.

Em Portugal, esta espécie ocorre espontaneamente um pouco por todo o território continental, mas com maior incidência no Centro e Sul do país e no arquipélago da Madeira, onde foi introduzida.

Procure-a em zonas com exposição solar plena, em especial em matos xerófilos, terrenos incultos e degradados e no subcoberto de sobreirais, azinhais ou pinhais. 

Flores brancas do pilriteiro (Crataegus monogyna):

Pilriteiro (Crataegus monogyna). Foto: Helge Klaus Rieder/Wiki Commons

O pilriteiro é um arbusto espinhoso com floração primaveril bastante comum em Portugal.

Nas primeiras semanas de Primavera este arbusto ou pequena árvore enche-se de pequeninas flores brancas ou em tons rosa. Mas são dias que acabam depressa, pois só duram entre Abril e Maio. No final do Verão, estas flores são fecundadas e dão lugar a pequenos frutos vermelhos.

É uma espécie espontânea da Europa que gosta de sítios húmidos e sombrios. Para o distinguir de outros arbustos com flor semelhante, tenha atenção ao recorte das folhas.

É uma espécie bastante resistente e robusta e pode viver até 500 anos de idade, conta-nos Carine Azevedo. 

Um bom local para apreciar todo o esplender dos pilriteiros em flor é a mancha de pilriteiros de porte arbóreo no Campo do Gerês, no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Flores amarelas do tojo (Ulex europaeus):

Tojo (Ulex europaeus). Foto: Jacques Petiot/Wiki Commons

O tojo, também conhecido como carqueja ou pica-rato, é uma das 10 espécies nativas do género Ulex que ocorrem em Portugal.

É um arbusto espinhoso, originário da Península Ibérica. Em Portugal, pode encontrá-lo em muitos locais variados, incluindo orlas de bosques, taludes de estradas e campos agrícolas abandonados.

As pequenas flores amarelas do tojo são mais comuns nos primeiros meses do ano, até meados de Maio, e também em Outubro e Novembro.

Joaninha-de-sete-pontos (Coccinella septempunctata):

Joaninha-de-sete-pontos. Foto: Syrio/Wiki Commons

Esta bem conhecida joaninha será a mais comum entre as joaninhas da Europa.

Apesar de ser pequeno, com cerca de seis milímetros, este animal destaca-se entre a vegetação graças à sua cor vermelha.

As joaninhas surgem durante a Primavera, mais concretamente a partir de Março, um pouco por todo o país. Passam os meses mais frios do ano juntas, abrigadas em locais adequados à hibernação.

Esta é uma espécie muito apreciada por quem cultiva hortas e campos, já que tanto adultos como larvas são vorazes predadores de pragas como os afídeos.

Lebre-comum (Lepus europaeus):

Lebre-comum (Lepus europaeus). Foto: Visaswises/Wiki Commons

A lebre-comum, também conhecida como lebre-europeia, é um regalo para os olhos de quem tiver a sorte de a observar nos campos de Portugal. É especialmente provável de a encontrar em zonas agrícolas pouco humanizadas. Mas será preciso alguma paciência, já que este mamífero tão icónico tem uma coloração mimética para se dissimular na paisagem.

Ao contrário do coelho-bravo, a lebre abriga-se em tocas pouco profundas, viradas sempre para um ponto de saída estratégica em caso de ataque de seus predadores.

Mergulhão-de-crista (Podiceps cristatus):

Mergulhão-de-poupa (Podiceps cristatus). Foto: Frank Vassen/Wiki Commons

A parada nupcial do mergulhão-de-crista – que acontece na Primavera, a partir de Março – é uma das mais espectaculares de entre as aves em Portugal. É uma exuberante dança, em que macho e fêmea abanam a cabeça, esticam os pescoços e se erguem espalhafatosamente na água.

Estas paradas podem ser observadas nas albufeiras, lagos, açudes e barragens do interior do país.

O mergulhão-de-crista exibe, na Primavera, um longo pescoço branco, sendo esta a característica que mais se destaca. “Como o seu nome indica, esta é uma ave que mergulha e que desaparece frequentemente da vista, podendo reaparecer num ponto diferente do plano de água”, explica o portal Aves de Portugal. Nesse portal poderá informar-se sobre os melhores locais para observar esta ave em cinco regiões de Portugal.

Orquídeas silvestres (família Orchidaceae):

Orquídea erva-abelha (Ophrys apifera). Foto: Nilfanion/Wiki Commons

A variedade impressiona e são muitas as razões para as procurar. Tem mais de 60 espécies de orquídeas à sua espera, um pouco por todo o país.

As orquídeas distinguem-se pela forma: todas têm três sépalas e três pétalas. Uma das pétalas, a que se chama labelo, costuma sobressair.

Procure-as em clareiras iluminadas pelos raios do sol – já que quase todas as espécies de orquídeas detestam a sombra e a falta de luz – e em terrenos descampados e incultos.

Algumas áreas protegidas são locais onde pode encontrar muitas destas plantas. Experimente visitar, por exemplo, o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, a Paisagem Protegida da Serra de Montejunto, o Parque Natural de Sintra-Cascais, o Parque Natural da Arrábida, a Paisagem Protegida Local da Rocha da Pena e a Paisagem Protegida Local da Fonte Benémola.

E agora uma recomendação importante: nunca, mas mesmo nunca, se deve apanhar uma orquídea. Tal significa que essa planta já não se vai conseguir reproduzir.

Papoila (Papaver rhoeas):

Papoila (Papaver rhoeas). Foto: Armennano/Pixabay

As papoilas, com o seu aspeto frágil e beleza efémera, alegram qualquer paisagem portuguesa, salpicando-a de cor.

Esta é uma espécie que ocorre um pouco por todo o país, em searas, pousios, pastagens, prados, montados ou olivais. Por vezes comporta-se como ruderal em bermas de caminhos, baldios e entulhos. 

É uma das espécies utilizadas no dia da Espiga e simboliza o amor e a vida. Existem várias espécies de papoilas no nosso país, pelo que para termos a certeza de estar frente a uma Papaver rhoeas devemos confirmar que a parte superior dos pedúnculos apresenta pêlos algo rígidos e patentes (perpendiculares).

Esta planta de ciclo de vida curto não tarda a tornar-se rara, como muitas outras “ervas daninhas” indesejadas. O desaparecimento desta e de outras espécies de plantas pode levar também ao desaparecimento de muitos polinizadores. 

A botânica Carine Azevedo explicou recentemente na Wilder tudo sobre a papoila.

Rã-verde (Pelophylax perezi):

Rã-verde (Pelophylax perezi). Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

Não será difícil encontrar e conseguir ver esta rã, já que se acredita ser o anfíbio mais comum em Portugal. Está presente em todo o território português e é uma espécie nativa e endémica da Península Ibérica.

Como nem todos os exemplares são verdes, e podem ter uma grande variedade de coloração, pode pensar que não é uma “rã-verde”, mas esta variabilidade nas cores é muito comum nos anfíbios.

Mas todos os indivíduos têm duas pregas de pele longitudinais que vão desde o olho até à inserção da pata posterior. 

Este anfíbio atinge facilmente 7,5 centímetros, podendo chegar aos 10 centímetros de comprimento.

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