Mais de 130 pessoas quiseram juntar-se e contar o maior número de espécies no 3º Bioblitz da Ria Formosa, a 6 e 7 de Maio. Foram registadas 179 espécies diferentes, principalmente de insectos e plantas.
O desafio era entusiasmante: inventariar o maior número de espécies, desde as aves às plantas, e ficar a conhecer melhor o ecossistema único da Ria Formosa, mais concretamente na área do Centro de Educação Ambiental de Marim (CEAM), em Olhão.
Para ajudar, um grupo de especialistas de várias áreas juntou-se à iniciativa e partilhou o seu fascínio e entusiasmo, além do conhecimento sobre animais e plantas: na anilhagem esteve António Marques (anilhador); nas aves estiveram Ana Paula Martins (ICNF) e Guillaume Réthoré (A Rocha); nas borboletas estiveram Eva Monteiro e Cândida Ramos (Tagis); nos mamíferos esteve Ana Morais (Associação Montícola); nos insectos esteve Horácio Costa e nas plantas, Norberto Santos (ICNF) e Leonor Pires (Associação Montícola).
A 6 de Maio foi dia de receber 100 alunos de cinco turmas da Escola EB 2,3 João da Rosa e da Escola Básica Dr. Alberto Iria.
O público em geral começou a participar na noite de dia 6, com 15 participantes. No dia seguinte, 7 de Maio, chegaram outros 19 participantes, segundo contou à Wilder Mónica Costa, da Gestão de Projectos e Educação Ambiental da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), entidade que organizou o Bioblitz.
No total foram observadas 179 espécies: 62 de insectos, 50 de aves, 67 de plantas (cinco espécies das quais exóticas) e indícios de três espécies de mamíferos. No ano passado foram registadas 152 observações.
“Nas plantas destacam-se alguma espécies que se encontram ameaçadas como Armeria macrophylla (Vulnerável), Armeria velutina (Criticamente em Perigo – endémica do sudoeste da Península Ibérica, que em Portugal apresenta uma distribuição restrita ao Sotavento Algarvio, e que nos últimos anos tem vindo a diminuir no CEAM, mas este ano voltou-se a observar), Thymus albicans (Vulnerável), Thymus lotocephalus (Quase Ameaçada) e Ulex argenteus ssp subsericeus (Vulnerável)”, explicou Mónica Costa.
“Das aves destacamos a garça-branca-pequena (Egretta garzetta) e a chilreta (Sternula albifrons), uma das espécies-alvo do projecto. Os participantes entusiasmam-se sempre a ver o colhereiro (Platalea leucorodia) com o seu icónico bico em forma de espátula ou o abelharuco (Merops apiaster) que preenche os céus com as suas cores. Nas límicolas destacam-se ainda o borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula) e a tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola).”
Segundo a responsável, “estas saídas são uma óptima oportunidade para, de uma forma descontraída, partir à descoberta dos diferentes grupos de fauna e flora que existem no CEAM”.
“As pessoas assumem desde logo uma postura curiosa e são as primeiras a apontar para algo, antes do próprio guia. E os guias tem sempre algo interessante a dizer sobre esta ou aquela espécie e isso marca as pessoas – é disso que se vão lembrar mais tarde, quando observarem o mesmo animal ou planta, noutro local. E estas memórias ajudam a criar empatia, ligação bem como um sentido de cuidar a Natureza.”
Este Bioblitz realizou-se no âmbito do projeto LIFE Ilhas Barreira.