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Bioblitz na Ria Formosa registou 179 espécies

25.05.2022
Abelharuco (Merops apiaster). Foto: Bernard DUPONT/Wiki Commons

Mais de 130 pessoas quiseram juntar-se e contar o maior número de espécies no 3º Bioblitz da Ria Formosa, a 6 e 7 de Maio. Foram registadas 179 espécies diferentes, principalmente de insectos e plantas.

O desafio era entusiasmante: inventariar o maior número de espécies, desde as aves às plantas, e ficar a conhecer melhor o ecossistema único da Ria Formosa, mais concretamente na área do Centro de Educação Ambiental de Marim (CEAM), em Olhão.

Abelharuco (Merops apiaster). Foto: Bernard DUPONT/Wiki Commons

Para ajudar, um grupo de especialistas de várias áreas juntou-se à iniciativa e partilhou o seu fascínio e entusiasmo, além do conhecimento sobre animais e plantas: na anilhagem esteve António Marques (anilhador); nas aves estiveram Ana Paula Martins (ICNF) e Guillaume Réthoré (A Rocha); nas borboletas estiveram Eva Monteiro e Cândida Ramos (Tagis); nos mamíferos esteve Ana Morais (Associação Montícola); nos insectos esteve Horácio Costa e nas plantas, Norberto Santos (ICNF) e Leonor Pires (Associação Montícola).

A 6 de Maio foi dia de receber 100 alunos de cinco turmas da Escola EB 2,3 João da Rosa e da Escola Básica Dr. Alberto Iria.

O público em geral começou a participar na noite de dia 6, com 15 participantes. No dia seguinte, 7 de Maio, chegaram outros 19 participantes, segundo contou à Wilder Mónica Costa, da Gestão de Projectos e Educação Ambiental da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), entidade que organizou o Bioblitz.

Foto: SPEA

No total foram observadas 179 espécies: 62 de insectos, 50 de aves, 67 de plantas (cinco espécies das quais exóticas) e indícios de três espécies de mamíferos. No ano passado foram registadas 152 observações.

“Nas plantas destacam-se alguma espécies que se encontram ameaçadas como Armeria macrophylla (Vulnerável), Armeria velutina (Criticamente em Perigo – endémica do sudoeste da Península Ibérica, que em Portugal apresenta uma distribuição restrita ao Sotavento Algarvio, e que nos últimos anos tem vindo a diminuir no CEAM, mas este ano voltou-se a observar), Thymus albicans (Vulnerável), Thymus  lotocephalus (Quase Ameaçada) e Ulex argenteus ssp subsericeus (Vulnerável)”, explicou Mónica Costa.

Armeria macrophylla. Foto: Gaspar Alves/WikiCommons

“Das aves destacamos a garça-branca-pequena (Egretta garzetta) e a chilreta (Sternula albifrons), uma das espécies-alvo do projecto. Os participantes entusiasmam-se sempre a ver o colhereiro (Platalea leucorodia) com o seu icónico bico em forma de espátula ou o abelharuco (Merops apiaster) que preenche os céus com as suas cores. Nas límicolas destacam-se ainda o borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula) e a tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola).”

Segundo a responsável, “estas saídas são uma óptima oportunidade para, de uma forma descontraída, partir à descoberta dos diferentes grupos de fauna e flora que existem no CEAM”.

Foto: SPEA

“As pessoas assumem desde logo uma postura curiosa e são as primeiras a apontar para algo, antes do próprio guia. E os guias tem sempre algo interessante a dizer sobre esta ou aquela espécie e isso marca as pessoas – é disso que se vão lembrar mais tarde, quando observarem o mesmo animal ou planta, noutro local. E estas memórias ajudam a criar empatia, ligação bem como um sentido de cuidar a Natureza.”

Este Bioblitz realizou-se no âmbito do projeto LIFE Ilhas Barreira.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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