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Três companhias aéreas dos EUA banem transporte de troféus de caça

04.08.2015

A Delta, United e American Airlines, três das grandes companhias aéreas dos Estados Unidos, decidiram banir o transporte de troféus de caça nos seus aviões, nomeadamente de leões, leopardos, rinocerontes, elefantes e búfalos.

Segundo a BBC, não foi avançada oficialmente qualquer razão para estas decisões.

A Delta, que realiza voos directos entre várias cidades africanas e os Estados Unidos, foi pressionada por algumas petições ‘online’ – na sequência do abate ilegal do leão Cecil, no Zimbabwe, por um caçador e dentista americano. Cecil, que foi abatido em Julho com 13 anos de idade, era uma das grandes atracções do Parque Nacional de Hwange.

“Com efeitos imediatos, a Delta vai banir oficialmente o transporte de todos os troféus de caça de leão, leopardo, elefante, rinoceronte e búfalo, como carga aérea”, indicou ontem a transportadora, num curto comunicado.

A companhia americana vai também “rever as políticas de aceitação de outros troféus de caça”, com apoio das agências governamentais e de outras organizações ligadas ao transporte de carga aérea.

Quanto à United, com menos ligações aéreas entre África e os EUA que a Delta Airlines, ainda assim anunciou ontem, no Tweeter, que “com efeitos imediatos” não vai mais transportar troféus de caça de “búfalo, elefante, leopardo, leão ou rinoceronte”.

A decisão destas duas empresas e da United surgiu em resposta a várias campanhas lançadas a nível internacional, incluindo uma petição online dirigida à Delta Airlines e uma outra petição lançada pela Sum of Us, uma organização americana sem fins lucrativos.

Até ao final de Julho, várias transportadoras aéreas já tinham indicado publicamente que deixam de transportar troféus de caça, incluindo a British Airways, Air France, KLM, Singapore Airlines, Lufthansa, Air Emirates, Iberia, IAG Cargo e Qantas.

De acordo com o New York Times, a maior fatia de caçadores que chegam a África vindos de outros continentes são provenientes dos Estados Unidos. Por ano, estima-se que cerca de 15.000 turistas americanos visitam África integrados em safaris de caça.

No início do século XX, calcula-se que existiriam em África cerca de 100.000 leões, um número que hoje terá sido reduzido para cerca de 30.000 indivíduos.

As populações africanas de leões têm-se mantido relativamente estáveis, mas as descidas de números registadas nos últimos três anos levantaram preocupações entre as autoridades, incluindo nos Estados Unidos, que analisam agora se vão classificar o leão como uma espécie ameaçada.

Entre os 11 países africanos que emitem licenças de caça grossa, incluindo o Zimbabwe e a Tanzânia, é a África do Sul que arrecada mais receitas com esta actividade: mais de 615 milhões de euros por ano. Uma parte do dinheiro pago por estas licenças de caça vai para fundos de políticas de conservação.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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