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Descoberta em Portugal nova espécie de animal fóssil com 455 milhões de anos

01.12.2015

Um paleontólogo amador descobriu no concelho de Mação (Santarém) uma trilobite desconhecida até agora em Portugal e no mundo, que terá vivido há 455 milhões de anos. Os investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douto (UTAD) confirmaram ser uma nova espécie.

 

O fóssil de trilobite tem pouco mais de um centímetro e foi encontrado em rochas da Formação Cabeço do Peão no concelho de Mação por Pierre-Marie Guy, segundo um comunicado daquela universidade divulgado ontem.

Este paleontólogo amador contactou a equipa do Centro de Geociências para a identificação do fóssil. Sofia Pereira, aluna da Universidade de Lisboa, analisou o fóssil no âmbito do seu doutoramento. “Depois de observado concluiu-se tratar de uma espécie nova de trilobite, um animal já extinto que existiu muito antes dos primeiros dinossauros”, afirma Artur Sá, professor e investigador da UTAD.

À trilobite foi atribuído o nome Radnoria guyi, em homenagem ao descobridor, que ofereceu o fóssil às colecções paleontológicas do Museu de Geologia Fernando Real da UTAD e indicou o local do achado onde, posteriormente, foram recolhidos mais exemplares para o estudo.

Esta nova trilobite é o registo mais antigo deste género. Até agora, o registo mais antigo de Radnoria, documentado, estava localizado no Sul da China.

“Esta descoberta traz nova luz acerca da distribuição temporal e geográfica do género Radnoria”, acrescenta o investigador Artur Sá. A descoberta “muda toda a perspectiva e conhecimento de um género cuja origem ocorreu num território que, 450 milhões de anos depois, viria a ser Portugal”, salienta a doutoranda Sofia Pereira.

A descoberta foi descrita num artigo publicado no Bulletin of Geosciences.

Segundo explica o comunicado da UTAD, as trilobites são uma classe extinta de artrópodes marinhos que viveram durante quase 300 milhões de anos e dominaram os ambientes marinhos do Paleozoico. A designação “trilobite” diz respeito à divisão transversal da sua carapaça mineralizada em três lóbulos (tri-lobite): a ráquis (ao centro) e as pleuras (lateralmente). Longitudinalmente apresentam uma constituição corporal semelhante à de outros artrópodes: o cefalão (cabeça), o tórax e o pigídio (cauda).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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