Qualquer tomada de decisão sobre um aeroporto complementar no Montijo terá de levar em conta os “impactes significativos” nas aves e os habitats do Estuário do Tejo, um dos maiores da Europa, alerta hoje a Zero – associação sistema terrestre sustentável.
Amanhã o Governo e a ANA – Aeroportos de Portugal assinam um memorando de entendimento para estudar a fundo a opção de um aeroporto complementar na Base Aérea do Montijo, para aumentar a capacidade do aeroporto da capital, Humberto Delgado.
Em comunicado, a Zero defende que a Comissão Europeia terá de emitir um parecer prévio aos impactos da expansão do aeroporto na base aérea do Montjo sobre a Reserva Natural do Estuário do Tejo e sobre a Zona de Protecção Especial (ZPE).
Todos os anos, o Estuário do Tejo é local de passagem, invernada ou nidificação para milhares de aves que migram entre o Norte da Europa e África, como o pato-trombeteiro, o ganso-bravo, a marrequinha, o flamingo e o alfaiate. Segundo a associação, o estuário alberga regularmente mais de 100.000 aves aquáticas invernantes.
O tráfego aéreo poderá atravessar as rotas migratórias dessas aves, com impactos para os animais mas também para a própria aviação, “pelo aumento do risco de colisão”.
Além disso, “a construção muito provável de infraestruturas adjacentes às pistas em pleno Estuário do Tejo poderá ter também um impacte negativo significativo pela destruição e fragmentação de habitats de elevada produtividade e valor em biodiversidade, como as zonas de sapal”, acrescenta a Zero.
Na passada quarta-feira, durante o debate quinzenal no Parlamento, o primeiro-ministro António Costa disse que a decisão definitiva está condicionada à conclusão de um relatório sobre o impacto da migração das aves naquela zona, salientou o jornal Observador. Segundo o primeiro-ministro, que respondia a uma questão da presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, esses dados só estarão disponíveis no final do ano.
[divider type=”thick”]Saiba mais.
Conheça aqui a história por detrás do documentário Estuário – as marés selvagens do Tejo e aqui o trabalho do Grupo de Anilhagem do Estuário do Tejo que está a monitorizar as aves que passam o Inverno na Quinta da Atalaia.