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Mauremys sinensis. Foto: D.R.

Universidade de Évora vai controlar populações de tartarugas invasoras no sul do país

01.08.2024

 

Vai começar em breve a remoção de tartarugas exóticas invasoras no Parque Natural da Ria Formosa, Parque Natural da Serra de S. Mamede, Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e Parque Natural do Vale do Guadiana, anunciou a Universidade de Évora.

 

Esta iniciativa faz parte de um projecto de investigadores da Universidade de Évora, liderados por Filipe Banha do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, a trabalhar a partir do Departamento de Paisagem, Ambiente e Ordenamento da Universidade de Évora.

O projeto – financiado pelo Fundo Ambiental no âmbito do “Aviso nº 11545/2023 – Projetos de erradicação e controlo de espécies invasoras prioritárias” – também tem um cariz preventivo, com a realização de ações de sensibilização junto de escolas e de outros grupos de interesse para “prevenir a libertação de tartarugas exóticas invasoras na natureza pelos seus proprietários”, explicou ainda a mesma universidade, em comunicado enviado à Wilder.

As tartarugas exóticas invasoras são comercializadas como animais de companhia. Mas, em muitas ocasiões, os seus donos libertam-nas na natureza.

“Estas tartarugas são um grave problema ambiental pois ameaçam as tartarugas nativas devido à competição por espaço e alimento e à transmissão de doenças”, segundo a Universidade.

“As tartarugas exóticas invasoras afetam também outros animais devido à predação, como anfíbios e peixes, podendo também afetar aves, principalmente devido à perturbação dos locais de nidificação.”

A nível europeu e nacional têm sido implementadas medidas legislativas no sentido da proibição da comercialização destas espécies. No entanto, as espécies proibidas têm vindo a ser substituídas por outras espécies exóticas que podem ser um problema ainda maior.

Neste sentido, esta equipa publicou um estudo, a 22 de Julho, na revista Aquatic Ecology, onde analisou a ineficiência da legislação atual aplicada ao comércio de tartarugas aquáticas e onde se descreveram os primeiros registos de tartaruga-chinesa-de-pescoço-listado (Mauremys sinensis) que, além dos impactos descritos anteriormente, pode hibridizar com a espécie nativa cágado-mediterrâneo (Mauremys leprosa). “Este estudo revela a presença desta espécie em pelo menos 10 concelhos em Portugal continental, evidenciando o quão grave é este problema.”

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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