Vai começar em breve a remoção de tartarugas exóticas invasoras no Parque Natural da Ria Formosa, Parque Natural da Serra de S. Mamede, Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e Parque Natural do Vale do Guadiana, anunciou a Universidade de Évora.
Esta iniciativa faz parte de um projecto de investigadores da Universidade de Évora, liderados por Filipe Banha do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, a trabalhar a partir do Departamento de Paisagem, Ambiente e Ordenamento da Universidade de Évora.
O projeto – financiado pelo Fundo Ambiental no âmbito do “Aviso nº 11545/2023 – Projetos de erradicação e controlo de espécies invasoras prioritárias” – também tem um cariz preventivo, com a realização de ações de sensibilização junto de escolas e de outros grupos de interesse para “prevenir a libertação de tartarugas exóticas invasoras na natureza pelos seus proprietários”, explicou ainda a mesma universidade, em comunicado enviado à Wilder.
As tartarugas exóticas invasoras são comercializadas como animais de companhia. Mas, em muitas ocasiões, os seus donos libertam-nas na natureza.
“Estas tartarugas são um grave problema ambiental pois ameaçam as tartarugas nativas devido à competição por espaço e alimento e à transmissão de doenças”, segundo a Universidade.
“As tartarugas exóticas invasoras afetam também outros animais devido à predação, como anfíbios e peixes, podendo também afetar aves, principalmente devido à perturbação dos locais de nidificação.”
A nível europeu e nacional têm sido implementadas medidas legislativas no sentido da proibição da comercialização destas espécies. No entanto, as espécies proibidas têm vindo a ser substituídas por outras espécies exóticas que podem ser um problema ainda maior.
Neste sentido, esta equipa publicou um estudo, a 22 de Julho, na revista Aquatic Ecology, onde analisou a ineficiência da legislação atual aplicada ao comércio de tartarugas aquáticas e onde se descreveram os primeiros registos de tartaruga-chinesa-de-pescoço-listado (Mauremys sinensis) que, além dos impactos descritos anteriormente, pode hibridizar com a espécie nativa cágado-mediterrâneo (Mauremys leprosa). “Este estudo revela a presença desta espécie em pelo menos 10 concelhos em Portugal continental, evidenciando o quão grave é este problema.”