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União Europeia esgota a 3 de maio os recursos do planeta para 2024

03.05.2024

No Dia da Sobrecarga do Planeta, mais de 300 organizações da sociedade civil desafiam os líderes da União Europeia (UE) a enfrentar as crises da natureza, do clima e da poluição após as próximas eleições europeias.

O dia 3 de Maio fica marcado como o Dia da Sobrecarga do Planeta para a UE. Isto significa que, se as populações mundiais seguissem os padrões de consumo da UE, a humanidade esgotaria hoje os recursos naturais do planeta disponíveis para este ano.

Para marcar a ocasião, mais de 200 organizações da sociedade civil — incluindo as organizações portuguesas Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), ANP|WWF e ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável — apelam hoje, numa carta aberta aos chefes de Estado e de Governo, aos Presidentes da Comissão, do Conselho e do Parlamento da UE, bem como aos deputados do Parlamento da UE, “para que assumam o compromisso político de trabalhar no sentido de uma economia com impacto neutro no clima, com poluição zero e positiva para a natureza”. 

Esta iniciativa surge na sequência dos “inéditos e preocupantes recuos nas políticas ecológicas nos últimos meses, com a sua instrumentalização para ganhos eleitorais a curto prazo”, explicam em comunicado. 

Estas organizações pedem que os decisores políticos acelerem o Pacto Ecológico Europeu e que sejam mais ambiciosos em matéria de natureza, clima e poluição.

Além disso, salientam a importância de um aumento radical nos investimentos públicos em clima, ambiente e justiça social.

“As nossas sociedades e economias estão dependentes do que a natureza nos fornece: alimentos, água, fibras, madeira, absorção de carbono e terrenos para construir infra-estruturas. E embora a UE represente apenas 7% da população mundial, precisaríamos de três planetas para satisfazer a nossa procura se toda a gente na Terra vivesse como os europeus. Isto não é apenas insustentável, é irresponsável.” 

As consequências estão à vista: desflorestação global, perda de biodiversidade, colapso dos stocks de peixes, escassez e poluição da água, erosão dos solos, poluição atmosférica e alterações climáticas.

“Isto diz-nos respeito a todos, uma vez que a Europa está a caminhar para sofrer aumentos de temperatura duas vezes superiores aos de outros continentes devido às alterações climáticas”, sublinham.

“Com as próximas eleições europeias, os decisores têm a grande oportunidade e a responsabilidade de inverter a maré.”

“Só se a UE fizer da tripla crise planetária das alterações climáticas, da perda de biodiversidade e da poluição uma prioridade política de topo é que poderá fazer valer o seu peso e garantir a sobrevivência do nosso planeta”, concluem.

As eleições para o Parlamento Europeu ocorrem de 6 a 9 de junho de 2024.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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