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Sociedade espanhola de ornitologia propõe introdução da natureza nas escolas

09.09.2016

Ensinar a natureza nas escolas e dotá-las de espaços onde as crianças possam contactar com a vida selvagem são sugestões que fazem parte de uma proposta da Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO) aprovada no congresso mundial da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN), a decorrer até amanhã no Havai.

 

“Deve estabelecer-se um programa sólido e eficaz que inclua o conhecimento do meio natural mais próximo”, defendeu em comunicado Asunción Ruiz, directora-executiva da SEO, organização que faz parte da federação Birdlife International.

“Viver a natureza na própria escola é crucial para assegurar a sua conservação”, acrescentou. “Só com a educação ambiental as gerações futuras poderão enfrentar os desafios que se avizinham, fruto, lamentavelmente, do consumo voraz actual.”

Segundo esta organização, o contacto das crianças com a natureza “estimula-lhes os sentidos, aumenta a capacidade de observação, de raciocínio e de análise”. Além disso, “ajuda a reduzir o risco de excesso de peso infantil, algumas doenças neurológicas e outras patologias de especial incidência na infância”.

É por isso que os centros escolares, onde as crianças passam tantas horas, deveriam estar dotados de elementos naturais para as manter ligadas à natureza e não estar rodeadas de edifícios e cimento.

A organização reconhece que hoje em dia há muitos sistemas educativos que já incluem, de forma transversal, alguma referência à educação ambiental. “Mas na realidade este sistema não é eficaz”. Por isso, a SEO pede aos Governos que se comprometam com a renaturalização das escolas e dos espaços da vida quotidiana das crianças, que promovam o desenvolvimento curricular o mais próximo possível de espaços naturais e que recuperem e criem os cenários naturais como lugares insubstituíveis para as brincadeiras e aprendizagem das crianças e para a conservação da natureza.

A SEO propõe, por exemplo, excursões a espaços naturais e a criação de espaços abertos nas escolas para desenvolver pequenos museus botânicos ou geológicos.

“Para conservar o ambiente é preciso conhecer aquilo que é preciso conservar”, segundo o texto da moção apresentada e aprovada no congresso da UICN.

De acordo com a SEO, os sistemas educativos devem “oferecer a possibilidade de as crianças entrarem em contacto com espaços naturais e com as espécies e que conheçam as principais ameaças à biodiversidade e as possíveis soluções, a fim de criar consciência para a conservação integral na natureza e do património natural”.

A moção sugere ainda a adopção de esquemas de formação para “capacitar os centros escolares e fomentar a educação ambiental e alfabetização científica”. Além disso, os professores devem poder desenvolver estas actividades sem serem privados de outras obrigações e direitos da profissão, “derivados da compatibilidade e sobrecarga de funções”.

O congresso da UICN está a decorrer de 1 a 10 de Setembro no Havai. Já foram aprovadas mais de 80 moções que definem as prioridades de conservação mundial para os próximos anos.

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Lei aqui a moção apresentada e aprovada no congresso da UICN.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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