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Saiba quais as espécies mais afectadas pelo fogo no Parque Natural da Serra da Estrela

22.08.2022
Águia-de-Bonelli (Aquila fasciata). Foto: Artemy Voikhansky/WikiCommons

Os incêndios já afectaram, pelo menos, 25% da área do Parque Natural da Serra da Estrela. Saiba quais as espécies de animais e plantas mais atingidas, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Os incêndios de Julho e Agosto na Serra da Estrela afectaram, até à tarde de 19 de Agosto, um total 28.112 hectares, dos quais 22.065 hectares do Parque Natural (25% da sua área total), segundo dados do ICNF enviados à Wilder.

O mais grave dos incêndios desde Julho deflagrou no concelho da Covilhã a 6 de Agosto e foi dado como dominado a 17 de Agosto.

Foram particularmente atingidos os concelhos da Guarda (10.112 ha) e de Manteigas (6.300 ha).

Os usos do solo mais atingidos foram a floresta (15.167 ha, 54% da área total ardida) e os matos e pastagens espontâneas (35%). Arderam também 2.801 hectares de área agrícola ardida.

As matas de pinheiro-bravo (9.199 ha) e de carvalho (2.633 ha) foram as ocupações florestais com mais área queimada.

Entre as espécies da flora vascular com populações afetadas destacam-se – pelo estatuto corológico, estatuto de conservação e pelo estatuto de proteção legal – as populações das espécies Centaurea langei subsp. Rothmalerana, Armeria sampaioi, laborinho (Festuca elegans), Jurinea humilis, mostajeiro (Sorbus aria Sorbus latifolia)”.

Estão ainda em avaliação os danos na população de teixo (Taxus baccata).

Das espécies da fauna atingidas, o ICNF refere as populações de várias espécies de invertebrados, algumas endémicas da Serra da Estrela e outras cuja única localidade conhecida em Portugal se situa na área do Parque Natural.

A área de distribuição da lagartixa-de-montanha (Iberolacerta monticola subsp. monticola), uma espécie endémica da Serra da Estrela, também foi atingida pelo incêndio.

Quanto às aves, as mais afectadas foram a cegonha-negra (Ciconia nigra), águia-de-Bonelli (Aquila fasciata), águia-real (Aquila chrysaetos), tartaranhão-caçador (Circus pypargus), águia-cobreira (Circaetus gallicus), falcão-peregrino (Falco peregrinus), melro-das-rochas (Monticola saxatilis) e petinha-dos campos (Anthus campestris).

Entre os mamíferos foram sobretudo atingidos, na sequência destes incêndios, a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), o gato-bravo (Felis silvestris) e comunidades de várias espécies de morcegos.

Segundo o ICNF, “os incêndios causaram efeitos negativos muito significativos em locais de sensibilidade ecológica elevada”.

Este instituto salienta também que, desde 2018, desenvolveu e apoiou várias acções para prevenir incêndios nesta área protegida. Entre as medidas estão a criação e manutenção de 2.324 ha de rede primária de faixas de gestão de combustível, de 771 ha de parcelas de mosaicos e faixas de rede secundária (proteção a vias e edificações), 177 ha de áreas de pastorícia apoiada e 411 km de caminhos e rede divisional florestais.


Saiba mais.

Descubra aqui o impacto do fogo nesta importante espécie botânica da Serra da Estrela.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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