Os incêndios já afectaram, pelo menos, 25% da área do Parque Natural da Serra da Estrela. Saiba quais as espécies de animais e plantas mais atingidas, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Os incêndios de Julho e Agosto na Serra da Estrela afectaram, até à tarde de 19 de Agosto, um total 28.112 hectares, dos quais 22.065 hectares do Parque Natural (25% da sua área total), segundo dados do ICNF enviados à Wilder.
O mais grave dos incêndios desde Julho deflagrou no concelho da Covilhã a 6 de Agosto e foi dado como dominado a 17 de Agosto.
Foram particularmente atingidos os concelhos da Guarda (10.112 ha) e de Manteigas (6.300 ha).
Os usos do solo mais atingidos foram a floresta (15.167 ha, 54% da área total ardida) e os matos e pastagens espontâneas (35%). Arderam também 2.801 hectares de área agrícola ardida.
As matas de pinheiro-bravo (9.199 ha) e de carvalho (2.633 ha) foram as ocupações florestais com mais área queimada.
Entre as espécies da flora vascular com populações afetadas destacam-se – pelo estatuto corológico, estatuto de conservação e pelo estatuto de proteção legal – as populações das espécies Centaurea langei subsp. Rothmalerana, Armeria sampaioi, laborinho (Festuca elegans), Jurinea humilis, mostajeiro (Sorbus aria e Sorbus latifolia)”.
Estão ainda em avaliação os danos na população de teixo (Taxus baccata).
Das espécies da fauna atingidas, o ICNF refere as populações de várias espécies de invertebrados, algumas endémicas da Serra da Estrela e outras cuja única localidade conhecida em Portugal se situa na área do Parque Natural.
A área de distribuição da lagartixa-de-montanha (Iberolacerta monticola subsp. monticola), uma espécie endémica da Serra da Estrela, também foi atingida pelo incêndio.
Quanto às aves, as mais afectadas foram a cegonha-negra (Ciconia nigra), águia-de-Bonelli (Aquila fasciata), águia-real (Aquila chrysaetos), tartaranhão-caçador (Circus pypargus), águia-cobreira (Circaetus gallicus), falcão-peregrino (Falco peregrinus), melro-das-rochas (Monticola saxatilis) e petinha-dos campos (Anthus campestris).
Entre os mamíferos foram sobretudo atingidos, na sequência destes incêndios, a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), o gato-bravo (Felis silvestris) e comunidades de várias espécies de morcegos.
Segundo o ICNF, “os incêndios causaram efeitos negativos muito significativos em locais de sensibilidade ecológica elevada”.
Este instituto salienta também que, desde 2018, desenvolveu e apoiou várias acções para prevenir incêndios nesta área protegida. Entre as medidas estão a criação e manutenção de 2.324 ha de rede primária de faixas de gestão de combustível, de 771 ha de parcelas de mosaicos e faixas de rede secundária (proteção a vias e edificações), 177 ha de áreas de pastorícia apoiada e 411 km de caminhos e rede divisional florestais.
Saiba mais.
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